Uma série de autoridades chinesas tem sido demitida de seus cargos sem a menor cerimônia e colocada sob investigação recentemente, tudo por causa de seus laços com o ex-chefe da segurança Zhou Yongkang. Analistas políticos dizem que a atual direção do Partido Comunista Chinês é destroçar cada uma das redes políticas construídas por Zhou em décadas de negociações e privilégios nos bastidores.
Um elemento fundamental que liga toda a série de investigações recentes, no entanto, tem sido pouco explorado: o fato de que todos os homens estavam envolvidos na perseguição ao Falun Gong. O Falun Gong é uma disciplina espiritual que tem sido suprimida pelo Partido Comunista Chinês (PCC) desde 1999, depois de quase uma década de imensa popularidade na China.
Vigiar, deter, encarcerar e torturar praticantes do Falun Gong formou o núcleo da carreira de Zhou Yongkang desde o início da década de 2000 em diante. Ao longo do caminho, ele instalou seus asseclas que também foram dedicados à campanha de extermínio. E são esses indivíduos que agora estão sendo caçados um por um pela equipe de investigação do PCC sob o pretexto de combate à corrupção. Uma vez que eles estejam saciados com seus asseclas, analistas políticos dizem que Zhou Yongkang será o próximo no menu.
Base no Nordeste
Um dos locais na China onde a perseguição ao Falun Gong tem sido mais desenfreada é na província de Liaoning, localizada no Nordeste. Ela tornou-se conhecida por sua rede de campos de trabalho forçado e pelos relatos terríveis de tortura brutal e extração forçada de órgãos de pessoas vivas.
Liaoning é onde o campo de trabalho Masanjia está localizado, uma palavra que ganhou notoriedade nos Estados Unidos depois que uma mulher do Oregon, Julie Keith, encontrou uma carta escondida num conjunto de Halloween. A carta tinha sido escrita por um detento de Masanjia, que era forçado a trabalhar incessantemente. A descoberta de Keith se tornou notícia nos Estados Unidos e no mundo.
Agora, alguns dos funcionários que implementaram a campanha contra o Falun Gong em Liaoning estão sendo eliminados. Um dos mais recentes é Li Wenxi, o ex-chefe da Secretaria de Segurança Pública na província de Liaoning, e o vice-presidente da Conferência Consultiva Política Popular, um órgão consultivo afiliado ao PCC. Ele foi colocado sob investigação, pouco antes do Ano Novo Chinês algumas semanas atrás, segundo agências de notícia chinesas no estrangeiro.
Fontes em Pequim disseram ao Epoch Times que Li era uma figura importante na rede de Zhou Yongkang em Liaoning, e que ele estava envolvido na extração forçada de órgãos de praticantes do Falun Gong na região, que envolvia o crime organizado e hospitais militares.
Outro funcionário de alto escalão derrubado é Zhang Dongyang, o procurador-geral da Procuradoria de Shenyang. A cidade de Shenyang, com seus campos de trabalho e hospitais militares nas proximidades, era uma base conhecida da atividade de extração de órgãos na China.
Zhang estava em sua posição por apenas um ano em 18 de fevereiro, quando o 21st Century Economic Herald, uma publicação de negócios, informou que ele fora removido para “investigação”.
Zhang era um policial em 1999, quando a perseguição ao Falun Gong foi iniciada. Seu entusiasmo pela realização da campanha – que na época era a prioridade política máxima da liderança comunista, como definida pelo então líder chinês Jiang Zemin, para quem a campanha era uma cruzada pessoal – conseguiu sua promoção para vice-comandante de uma brigada, e então para diretor da Secretaria de Segurança Pública de Shenyang.
Websites do Falun Gong, que recebem informação em primeira mão de fontes na China sobre as condições no país, contêm uma série de testemunhos que documentam como Zhang e Li estavam envolvidos na campanha. “Tudo o que está ocorrendo sinaliza que um caso maior está sendo construído, possivelmente contra Zhou Yongkang”, disse Xia Xiaoqiang, um comentarista político independente e articulista.
Zhou Yongkang passou 18 anos em Liaoning no início de sua carreira, e depois que assumiu o comando dos serviços de segurança da China, ele promoveu funcionários que realizavam com mais entusiasmo a campanha genocida de Jiang Zemin, segundo Heng He, um analista político da emissora NTDTV.
Pessoas de Zhou
“Essas pessoas foram todas promovidas, ou começaram a trabalhar com Zhou Yongkang, durante a perseguição. Eles trabalharam com ele por causa disso”, disse Heng He.
A perseguição ao Falun Gong havia se tornado o foco da carreira de Zhou Yongkang desde o início da década de 2000, após anos fazendo trabalho do PCC em Liaoning, e depois no setor petrolífero em Sichuan. Em 2002, ele foi nomeado Ministro da Segurança Pública, e de lá rapidamente se tornou o chefe de todo o aparato de segurança nacional.
A liderança do PCC não está removendo esses indivíduos por causa de seu envolvimento na campanha anti-Falun Gong, embora “essas pessoas tenham sido todas promovidas por causa da perseguição ao Falun Gong. Você tinha que estar envolvido na perseguição para ser promovido na época”, disse Heng He. Ter a postura política correta, ou pró-liderança, tornou-os efetivamente invulnerável a inimigos políticos, e eles podiam envolver-se em tanta corrupção como quisessem, acrescentou Heng He.
Mas agora a maré virou, e a campanha contra o Falun Gong não é uma prioridade da atual liderança. O novo grupo de liderança está focado em eliminar os remanescentes de grupos que exerceram profunda influência na política chinesa em anos anteriores.
“[O atual líder chinês] Xi Jinping deve se livrar de Zhou Yongkang, e abertamente, porque Zhou desafiou diretamente a autoridade de Xi” em 2012, disse Heng He. Zhou teria tramado um golpe de Estado com o político chinês Bo Xilai, que agora cumpre prisão perpétua por corrupção. “Se Xi Jinping não agir contra Zhou, ele será considerado fraco.”