Alho: um antibiótico incomparável

11/12/2014 00:00 Atualizado: 10/12/2014 21:51

O alho tem sido cultivado há tanto tempo que é difícil determinar com precisão sua origem. De acordo com o botânico suíço do século 17, Augustin De Candolle, o alho surgiu no sudoeste da Sibéria, se espalhou para o sul da Europa e posteriormente tornou-se comum nos países de língua latina que fazem fronteira com o Mediterrâneo. Apesar desse registro, teorias recentes sugerem que o alho pode ser originário do sudoeste da Ásia Central.

O que sabemos com certeza é que o seu uso foi gravado em sânscrito há cerca de 5 mil anos. Uma tabuleta de argila suméria datada de 3000 a.C abriga uma receita que tem o alho entre seus ingredientes. A planta também é utilizada pelos chineses há pelo menos 3 mil anos.

Registros médicos egípcios de 1550 a.C registraram receitas de alho para o tratamento de doenças como hipertensão arterial, problemas de pele, úlceras, doenças respiratórias, problemas intestinais, caspa, piolhos, flatulência e cabelos grisalhos.

Os trabalhadores braçais que construíram a Grande Pirâmide de Quéops foram alimentados com alho, cebola e alho-poró para manterem força e boa imunidade contra doenças infecciosas. O alho também foi consumido em grandes quantidades pelos antigos gregos e romanos: soldados romanos foram fornecidos com uma ração diária de alho para manter a sua força, e acredita-se que os romanos introduziram o alimento na Grã-Bretanha. A palavra alho (garlic, em inglês) é derivada do anglo-saxão gar (lança) e lac (uma planta), e é, sem dúvida, uma referência ao aparecimento de suas folhas pontiagudas.

Na Grã-Bretanha, pouco antes da virada do século passado, a tuberculose foi a principal causa de morte, e os médicos britânicos empregaram com sucesso pomadas, compressas, e inalantes dessa planta para tratar a doença.

Durante a I Guerra Mundial, o alho foi cultivado em grande quantidade na Grã-Bretanha. Hospitais militares utilizavam alho líquido para combater infecções. Dentes de alho eram prensados ​​e seu sumo era diluído em água. Panos foram embebidos em água a alho e aplicados em feridas de batalha, o que diminuiu a incidência de amputação por causa de gangrena.

O alho é uma das ervas mais utilizadas da culinária. Ao longo da história, fitoterapeutas valorizam até as flores brancas de alho, escolhidas como o símbolo para representar os boticários da Ásia e da Europa.

Remédio antigo para os tempos modernos

O alho é tão importante para a saúde das pessoas modernas como era no antigo Egito. Em todo o mundo, aumentaram os casos de tuberculose resistentes a remédios e de distúrbios circulatórios e epidemias de larga escala: essas doenças estão se tornando uma preocupação global.

Além de reforçar a resposta imunológica dos organismos, o alho é um poderoso antibiótico, que mata os microrganismos difíceis de seres eliminados. É eficaz em um largo espectro de bactérias, ao contrário de muitos antibióticos farmacêuticos, que matam apenas uma pequena parcela de germes. Além disso, o alho elimina qualquer desenvolvimento de resistência por parte das bactérias, vantagem que não é encontrada em antibióticos químicos.

Os antibióticos comuns são ineficazes contra os vírus, quer sejam as infecções mais graves ou viroses comuns. O alho, no entanto, tem sido utilizado para matar diretamente muitos vírus, incluindo o da gripe, da herpes, o vírus da estomatite vesicular (responsável pela herpes labial), e citomegalovírus humano (uma fonte comum de infecção secundária em diagnosticados com HIV), enquanto proporciona uma cura ou alívio sintomático em muitas outras doenças virais, tanto em humanos quanto em animais.

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Outras propriedades do alho

A planta também atua como um antifúngico (combate micoses) e antiparasitário (combate vermes) que é eficaz em uso interno e externo. O alho também faz parte das ervas que contêm grandes quantidades de sais minerais como ferro, enxofre, cloro e fósforo, e são eficazes na limpeza do sangue e em melhorar a sua capacidade de transportar oxigênio.

Essa erva é sempre escolhida pelo fitoterapeuta como parte de uma mistura para combater doenças da pele. O alho também contém iodo e bromo, necessários para o equilíbrio do sistema endócrino. A planta tem a vantagem única e adicional de ser capaz de modificar e liberar depósitos saturados de colesterol nas paredes internas das artérias, veias e coração.

Até 20 cápsulas de alho em pó podem ser ingeridas sem danos. Se o seu corpo tem muitas toxinas ou desconforto estomacal e intestinal, o alho pode ser a solução, porque ele elimina bactérias e outros microrganismos responsáveis por putrefações e fermentações no aparelho digestivo. Mas o alho não deve ser consumido além da dose culinária caso você tenha problemas no fígado, na vesícula, no pâncreas, ou com a bile.

Uma boa dica para uso interno do alho é esmagar ou cortar três dentes de alho e cobrir com cerca de 3/4 de xícara de vinho ou suco de cenoura. Deixe a mistura descansar por 24 horas e depois consuma.

Para uso externo, misture três dentes de alho em aproximadamente um litro de água e aplique como uma lavagem na pele. Cuidado ao aplicar apenas o alho cru diretamente na pele, pois isso pode causar queimaduras ou irritações.

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Luke Hughes é fitoterapeuta