Aldeões chineses apelam ao governador de Iowa, EUA

26/08/2012 22:43 Atualizado: 26/08/2012 23:03
Li Lankui (direita) com seu filho antes de sua prisão. Atualmente, ele está num centro de lavagem cerebral depois de ser preso durante uma “limpeza” antes e depois da visita do governador Terry Branstad de Iowa à província de Hebei. (Minghui.org)

Vários praticantes do Falun Gong presos, um morto, depois que governador dos EUA visitou à China

Uma missão comercial à China do governador Terry Branstad de Iowa, EUA, teve desastrosas consequências não intencionais, com várias pessoas inocentes presas e um morto. A polícia chinesa seguiu procedimentos padrão relativos a visitas de dignitários estrangeiros e vizinhos das vítimas estão agora apelando ao governador por ajuda.

Branstad reservou o período de 29 de maio a 5 de junho para uma missão comercial à China, durante a qual ele passou algum tempo com Xi Jinping, a provável próximo chefe do Partido Comunista Chinês (PCC). A visita de Branstad incluiu uma parada de pernoite na cidade de Shijiazhuang na província de Hebei.

Como parte de um esforço para “limpar” as áreas próximas a Shijiazhuang, em 1º de junho, mais de 20 funcionários, incluindo alguns da Agência 610 local, localizaram o Sr. Li Lankui na vila de Donganfeng no condado de Zhengding, segundo o Minghui.org, um website do Falun Gong.

A Agência 610 é um órgão extraconstitucional do PCC criado com a finalidade de eliminar a prática espiritual do Falun Gong na China.

Os oficiais tentaram forçar Li Lankui a assinar uma declaração prometendo parar de praticar o Falun Gong, segundo o Minghui. Quando ele se recusou, eles começaram a tentar colocá-lo numa viatura de polícia.

Sua mãe idosa, que está na casa dos setenta, correu para fora de casa gritando e agarrou seu filho para evitar que a polícia o levasse. Vizinhos que viram a comoção também interviram.

Alguns vizinhos perguntaram por que policiais tentavam levar Li Lankui. Um oficial explicou que Xi Jinping e norte-americanos estavam vindo para a área.

Diante da resistência dos moradores, a polícia recuou. Mas eles voltaram na manhã de 7 de junho, depois que o governador Branstad havia deixado o país e prenderam Li Lankui.

Após sua prisão, 703 moradores assinaram uma petição pedindo a libertação de Li Lankui. Os moradores também enviaram uma carta a Branstad, informando-o do abuso e convidando-o a responder.

Yang Yinqiao, uma praticante do Falun Gong, mergulhou para a morte durante uma batida policial em sua casa. A polícia suspeitava que ela tivesse postado na internet uma petição de mais de 700 moradores pedindo a libertação de Li Lankui. (Minghui.org)

Um apelo a Iowa

Em cinco páginas, numa carta de quase 3 mil palavras, os moradores escreveram, “Caro Sr. Governador, não estamos reclamando de você porque pessoas em nossa aldeia estão sendo oprimidas. Nós entendemos a situação claramente. O povo de Zhengding sinceramente lhe dá as boas-vindas. No entanto, não podemos permitir que o Partido Comunista use sua visita como oportunidade para reprimir o povo.”

O Epoch Times confirmou que a carta foi entregue ao escritório de Branstad através de um intermediário, que se reuniu com um dos funcionários de Branstad, segundo o Centro de Informações do Falun Dafa, uma assessoria de imprensa do Falun Gong.

“Ninguém culpa o governador Branstad pelo que aconteceu e os crimes cometidos na vila de Donganfeng não foram cometidos por ele”, disse Levi Browde, o diretor-executivo do Centro de Informações do Falun Dafa. “Mas dignitários estrangeiros que visitam a China precisam estar cientes de que o Partido Comunista muitas vezes usa suas viagens para apertar as restrições sobre residentes locais, incluindo sequestrar praticantes do Falun Gong para seções de lavagem cerebral.”

“Temos certeza de que o governador gostaria de saber sobre o que está acontecendo. Ao mesmo tempo, esperamos que ele entenda que os moradores não têm como buscar a justiça na China. Como governador do país que é campeão mundial de direitos humanos, ele é a melhor chance deles serem ouvidos”, disse Browde.

Diligência morte

Depois da prisão de Li Lankui, balões e faixas com frases como “Liberdade de crença; parem a perseguição” e “O mundo precisa de Verdade-Compaixão-Tolerância” (os princípios fundamentais dos ensinamentos espirituais do Falun Gong) apareceram em áreas públicas da aldeia, segundo o Centro de Informações do Falun Dafa.

Alguém postou fotos online do balão, das faixas e da petição dos moradores. A polícia local começou a invadir casas e interrogar moradores, determinada a descobrir quem postou as imagens online.

Na noite de 7 de agosto, vários carros de polícia foram enviados da Agência 610 local para revistar a casa da Sra. Yang Yinqiao. Durante a invasão, Yang Yinqiao mergulhou para a morte do quinto andar de seu prédio. Se ela foi empurrada ou caiu não está claro.

A polícia fugiu do local e voltou com equipamento antichoque, impedindo qualquer pessoa de se aproximar do corpo. Parentes de Yang Yinqiao foram levados para a delegacia de polícia local e ameaçados, segundo o Centro de Informações do Falun Dafa.

Mais de 700 moradores apelam às autoridades locais pela libertação de Li Lankui, um ato de desafio aberto à política do regime sobre o Falun Gong. (Minghui.org)

Inundação de petições

As ações dos moradores refletem uma mudança significativa na forma como os chineses estão respondendo à perseguição ao Falun Gong.

Quando a campanha contra o Falun Gong começou em 1999, os adeptos da prática enfrentaram perseguição severa e a população foi obrigada a participar. Agora, 13 anos depois, os chineses estão começando a se opor fortemente.

“Por que vocês assediam uma pessoa tão boa?”, questionaram moradores quando a polícia veio prender Li Lankui, segundo o Minghui.

Depois que Li Lankui foi preso, ele foi condenado a 15 meses de trabalho forçado no Campo de Trabalho de Shijiazhuang e está atualmente no centro de lavagem cerebral de Shijiazhuang, segundo o Centro de Informações do Falun Dafa.

Sobre a petição que se seguiu após sua prisão, os moradores usaram seus nomes reais e imprimiram com cera vermelha suas impressões digitais, um gesto simbólico poderoso na China.

Camponeses na antiga China carimbariam suas digitais com sangue em pedidos de justiça ao magistrado local por reparação e o significado desta ação não teria sido perdido pelas autoridades comunistas.

Após a morte de Yang Yinqiao, outra petição veio à tona. Mais de 306 camponeses colocaram seus nomes e impressões digitais num documento pedindo uma investigação sobre a morte de Yang Yinqiao e a revogação da sentença de Li Lankui.

A segunda filha e esposa de Li Lankui foram presas em 2 de agosto e seu paradeiro é desconhecido. Outros três praticantes do Falun Gong da aldeia de Donganfeng também foram presos recentemente.

De acordo com os últimos relatórios da aldeia, a polícia ainda está no local e procura pela pessoa que postou as imagens e a petição online.

Perguntado várias vezes por um comentário, o gabinete do governador Branstad se recusou.

Os moradores esperam que sua carta ao governador Branstad faça diferença e que ele fale com seu amigo Xi Jinping. Há um precedente para suas esperanças.

Quando casos específicos de perseguição despertaram a atenção internacional, o Partido Comunista respondeu. Bu Dongwei passou mais de dois anos num campo de trabalho antes que fosse libertado, depois que a Anistia Internacional fez uma campanha por ele.

“Se eles souberem que o mundo exterior está tomando medidas e se preocupa com certa pessoa, então, a condição dessa pessoa melhorará”, disse Bu Dongwei num vídeo em 2010 enquanto limpava as lágrimas lembrando suas experiências no campo de trabalhos forçados. “Cartas podem fazer a diferença.”