De acordo com o jornal chinês Legal Evening News, Pequim tem baixo volume de água desde 1999 e agora enfrenta uma escassez severa há alguns anos. A capital chinesa demanda uma média de 3,6 bilhões de metros cúbicos de água por ano, embora as fontes de água forneçam apenas 2,1 bilhões de metros cúbicos, resultando numa escassez de 1,5 bilhões de metros cúbicos de água por ano.
Segundo definições internacionais, a escassez de água é definida quando há menos de 500 metros cúbicos de água por pessoa por ano. O abastecimento anual de água em Pequim totaliza menos de 100 metros cúbicos de água por pessoa, tornando a escassez de água de Pequim pior do que no Oriente Médio e Norte da África.
No passado, Pequim tinha uma oferta abundante de água de cinco rios que atravessavam a cidade. O rio Yongding, um dos principais afluentes do sistema do rio Hai e conhecido como o maior rio a fluir através do município de Pequim, já secou.
Numa tentativa de resolver o problema da escassez, Pequim começou a bombear água dos lençóis freáticos e reservatórios subterrâneos. A superexploração eventualmente também drenou essas fontes até um quilômetro de profundidade, ultrapassando em muito o limite de segurança de 100 de metros para utilização desta fonte conforme estabelecido pela ONU. Transferir água de outras regiões é a única opção restante.
Transferência de água
Bilhões de dólares foram gastos no Projeto Sul-Norte de Transferência de Água nos últimos anos. No entanto, segundo a Autoridade de Recursos Hídricos de Pequim, o vice-diretor Liu Bin disse numa recente conferência de imprensa que até 1 bilhão de metros cúbicos de água do Sul a cada ano será insuficiente para eliminar a severa escassez de água em Pequim.
O ecologista Wang Weiluo, especialista em preservação da água na Alemanha, disse à Rádio Som da Esperança que a escassez de água em Pequim é um desastre causado pelo homem e que começou após o Partido Comunista Chinês tomar o poder em 1949.
Ele disse que a decisão de Mao Tsé-tung de construir um reservatório de água em Pequim interceptou 1,4 bilhão de metros cúbicos de água do rio Yongding, causando seca e poluição sem precedentes na região.
Wang diz que não há dados ou mesmo estudos sobre a viabilidade do Projeto Sul-Norte e que ele foi iniciado apenas com base nas palavras de Mao Tsé-tung, ou melhor, na crença cega no ditador comunista.
Quando Mao visitou o rio Amarelo em 1959, ele sugeriu “emprestar” 100 bilhões de metros cúbicos de água do Sul – o dobro do volume de água do rio Amarelo. Wang diz que as sugestões de Mao eram puramente baseadas numa impressão pessoal e não tinham qualquer suporte ou embasamento em pesquisas ou dados objetivos.
Quando a China ganhou o direito de sediar os Jogos Olímpicos de 2008 em Pequim, o ex-líder chinês Jiang Zemin iniciou a rota intermediária do Projeto Sul-Norte em nome de levar água limpa a Pequim para os Jogos. Mais de cinco anos depois dos Jogos terem terminado, nenhuma água chegou. Pequim tem recebido água transferida da província vizinha de Hebei desde 2008.
Há outro fator envolvido na escassez de água de Pequim: a predominância de Pequim na China.
De acordo com Tang Jitian, um advogado de direitos humanos de Pequim, a China está destinando Pequim ao desastre ao concentrar a grande maioria de seus esforços e recursos apenas em Pequim. Como outras regiões são privadas de recursos e oportunidades para o desenvolvimento, sua força de trabalho migra para Pequim, resultando numa população em expansão que cobra seu preço sobre os recursos naturais de Pequim. Em algum momento, a expansão de Pequim chegará a um ponto onde os recursos simplesmente não estarão mais disponíveis, não importa de onde sejam drenados, segundo Tang.
Com grande pesar para a China e o povo chinês, Pequim se destina a ser um monumento e lição para a humanidade de que a concentração do poder não apenas corrompe, mas destrói.