SÃO FRANCISCO – Dois homens de ascendência chinesa acusados de agredir praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong no bairro chinês de São Francisco foram julgados culpados por um tribunal local em 13 de agosto.
O Tribunal de Bairro emitiu diretrizes ordenando que os agressores Yongyao Wu e Jingjun Chin escrevessem uma carta de desculpas às vítimas e ficassem pelo menos a 10 metros de distância deles. Além disso, Yongyao Wu está obrigado a seguir o aconselhamento individualizado sobre controle da raiva.
Quatro praticantes do Falun Gong, Dafang Wang, Derek Wang, Helena Li e Christine Yang, foram atacados pelos homens enquanto informavam o público no bairro chinês sobre o Falun Gong e a perseguição do regime chinês à prática espiritual na China. Os incidentes ocorreram em 10 e 16 de junho.
O Falun Gong, também conhecido como Falun Dafa, é uma prática tradicional espiritual chinesa que consiste em exercícios de meditação e nos ensinamentos baseados nos princípios da verdade, compaixão e tolerância. O regime chinês proibiu a prática em 1999, depois que uma pesquisa do Estado descobriu que 100 milhões de pessoas estavam praticando-a, mais do que os membros do Partido Comunista Chinês (PCC).
A visão de praticantes do Falun Gong distribuindo panfletos e segurando faixas que informam o público sobre as atrocidades realizadas pelo PCC se tornaram uma cena comum no bairro chinês de São Francisco, assim como em outras grandes cidades nos Estados Unidos e ao redor do mundo.
Gravações de vídeo do incidente em 10 de junho mostram como um dos agressores soca Derek Wang duas vezes no rosto. Também é mostrado como Jingjun Chin agrediu Dafang Wang, outra praticante do Falun Gong, agarrando-a e ferindo seus braços. Os vídeos também mostram que ambas as vítimas se abstiveram de usar a violência.
Em 16 de junho, Jingjun Chin usou uma placa de madeira para bater em duas praticantes do Falun Gong, causando ferimentos graves em seus braços. Uma das vítimas foi atingida na cabeça, fazendo seus óculos caírem no chão e quebrarem.
Terri Marsh, diretor-executivo da Fundação Legal de Direitos Humanos de Washington e representante das vítimas, disse que este caso está relacionado à liberdade de consciência.
“Os agressores, que foram acusados de ferir os adeptos do Falun Gong no bairro chinês, ofenderam essas liberdades no bairro chinês, agindo como se os Estados Unidos não protegessem essas normas fundamentais”, disse Marsh num comunicado após o resultado da audiência no tribunal local.
“Eles se comportaram como se residissem na República Popular da China, onde esse tipo de comportamento não só é tolerado, mas é instigado pelo Partido Comunista Chinês, seus capangas e bandidos”, disse ela.
Incidentes de violência que visam adeptos do Falun Gong em São Francisco têm ocorrido ao longo dos anos, desde que a perseguição começou em 1999. As ocorrências começaram a se destacar no ano passado e se intensificaram nos últimos meses, com pelo menos 10 incidentes. De acordo com os praticantes do Falun Gong, os incidentes são parte de um esforço do PCC de estender sua perseguição ao estrangeiro.
Em incidentes similares no bairro chinês em Flushing, Nova York, em 2008, multidões de chineses atacaram praticantes do Falun Gong por meses. Naquela época, o cônsul-geral chinês Peng Keyu foi flagrado numa chamada telefônica gravada se vangloriando de pessoalmente encorajar os ataques em Flushing.
Tribunais de Bairro de São Francisco são uma iniciativa do Gabinete do Procurador Distrital. Casos são decididos por residentes treinados e são focados na restauração da comunidade. Se os réus cumprirem as diretivas do tribunal, o caso criminal oficial será desonerado. Se os réus não aderirem às diretrizes, eles podem enfrentar processo criminal.
“Os Estados Unidos são um Estado de Direito e se os réus continuarem os ataques, ferirem ou ofenderem os adeptos do Falun Gong em São Francisco, eles serão penalmente responsabilizados […] A promotoria, a polícia e muitas outras pessoas boas em São Francisco estão fazendo seu melhor para proteger as liberdades fundamentais de todas as pessoas em São Francisco, incluindo os adeptos do Falun Gong”, disse Marsh num e-mail.