O Ministério da Educação da China começou a enviar agentes anticorrupção para investigar o desvio de verbas de fundos de pesquisa nas principais instituições chinesas de ensino.
A contabilização de despesas falsas para desviar dinheiro de fundos destinados à pesquisa científica tem crescido enormemente nas instituições de ensino superior da China, noticiou a mídia chinesa.
De acordo com um comunicado postado no website do Comitê Central de Inspeção Disciplinar (CCID), o Ministério da Educação da China enviará este ano oito equipes de agentes de fiscalização para auditar oito instituições de ensino superior da China.
No início deste ano, foram auditadas a Universidade de Shandong, a Universidade de Geociência da China, na cidade de Wuhan, e a Central de Serviços Audiovisuais para a Educação.
Mais recentemente, em 15 de outubro, foram enviadas cinco equipes de agentes de fiscalização para auditar a Universidade de Comunicação da China, a Universidade de Estudos Internacionais de Shanghai, a Universidade de Farmacologia da China, a Secretaria do Conselho de Bolsas de Estudo da China e o Instituto de Linguística Aplicada à Educação.
Desvio de dinheiro é endêmico nas universidades da China
Estatísticas oficiais da China mostram que o financiamento destinado à pesquisa científica e tecnológica em 2013 totalizou US$ 82 bilhões. O total de fundos destinado a isso nos últimos 8 anos foi de US$ 493 bilhões. No entanto, apenas 40% desse dinheiro foi de fato destinado a projetos de pesquisa (60% foi gasto com outras coisas), conforme informou o jornal China Business News em 21 de outubro.
Por exemplo, de 2008 a 2011, a Universidade de Finanças de Shandong registrou um gasto de mais de US$ 46 mil com despesas de viagem apenas para dois projetos de pesquisa. As despesas com viagens consumiram quase 50% do total de recursos destinados aos projetos. Esses dois projetos são o de Planejamento do Turismo em Weishan e o de Pesquisa sobre o Turismo no Município de Fucun. Weishan e Fucun são ambos locais históricos na província de Shandong.
Outro exemplo é o caso de Song Maoqiang, ex-reitor da Escola de Engenharia de Software da Universidade de Correios e Telecomunicações de Pequim, que desviou US$ 112 mil, quando foi o coordenador de um projeto de pesquisa. Ele se tornou alvo de investigação.
Em 2013, Chen Yingxu, professor da Universidade de Zhejiang, instruiu seu aluno de doutorado a falsificar recibos de contratos e criar despesas falsas. Desta forma, Chen transferiu mais de US$ 1,6 milhão de um fundo de pesquisa para sua conta pessoal.
Pesquisadores demitidos
Só em 2014, dezoito pesquisadores de universidades, os quais estão sob investigação por peculato, foram exonerados de suas funções. Alguns deles eram diretores de faculdades de medicina, noticiou o jornal Fazhi Wanbao.
Um deles é o médico Wang Guanjun, que foi diretor do Primeiro Hospital Afiliado da Universidade de Jilin e também reitor da Universidade de Jilin. A investigação sobre Wang começou no dia 3 de agosto e, em 20 de agosto, a Procuradoria Provincial de Jilin abriu um processo indiciando Wang por peculato.
Chen Zhili, conselheiro de Estado e ex-ministro da Educação no governo do ex-líder chinês Jiang Zemin, esforçou-se para fazer do sistema de ensino um negócio. Impulsionado por interesses financeiros, as escolas começaram a cobrar todo tipo de taxas dos alunos. A área de educação tornou-se um dos dez negócios mais rentáveis bem como mais corruptos da China.
Quando Jiang Zemin lançou a perseguição ao Falun Gong em 1999, ele usou Chen Zhili para perseguir os praticantes do Falun Gong por meio do sistema de ensino e, assim, a educação também se tornou uma ferramenta de perseguição política.
Depois que Xi Jinping se tornou chefe do Partido Comunista Chinês em novembro de 2012, ele decretou guerra contra a corrupção, fazendo dos membros da facção de Jiang Zemin seu maior alvo. O setor da educação tornou-se naturalmente um setor-chave nessa guerra.
Leia o artigo original chinês aqui.