Ex-agente expõe métodos de infiltração no Ocidente usados pelo regime chinês

25/03/2012 03:00 Atualizado: 05/09/2013 23:20
O ex-agente comunista Li Fengzhi celebra sua renúncia ao Partido Comunista Chinês, assim como milhões de outros chineses (Lisa Fan/Epoch Times)
O ex-agente comunista Li Fengzhi celebra sua renúncia ao Partido Comunista Chinês, assim como milhões de outros chineses (Lisa Fan/Epoch Times)

O regime chinês já desenvolveu uma rede penetrante de espionagem nos Estados Unidos, afirma Li Fengzhi, ex-agente da inteligência do Ministério de Segurança de Estado do Partido Comunista Chinês (PCCh). Li anunciou publicamente sua renúncia ao PCCh em março de 2009. “O PCCh não tem poupado recursos, humanos ou financeiros”, diz ele. “A rede tem sido operada por consulados, órgãos de segurança nacional e outras organizações, para enviar agentes, assim como desenvolver informantes nos EUA.”

Políticos influentes no Ocidente são peças importantes nas atividades ultramar do regime; o objetivo principal é que esses políticos estejam de acordo com as decisões de Pequim em momentos cruciais. Outro objetivo é manobrar para que políticos mantenham o silêncio diante das violações de direitos humanos do regime.

Políticos chineses altamente visados

Li diz que políticos chineses, especialmente no Ocidente, tem sido alvo de críticas, e alertou que esses políticos precisam atentar para diferenciar entre a China e o PCCh. “Eles precisam manter suas consciências e obedecer às leis de seus países. Ao mesmo tempo, eles deveriam fazer coisas que realmente beneficiem o povo chinês.”

Li diz ainda que o PCCh frequentemente oferece bastante dinheiro e publicidade a certos políticos, e, ao mesmo tempo, se envolve emocionalmente com eles. “Os políticos que ganham alta publicidade na mídia oficial do PCCh em geral são particularmente próximos ao Partido, ou são pupilos do Partido. O PCCh não elogia nem difama alguém sem uma razão, é simples dizer quem são os amigos do PCCh.”

O mesmo se aplica vendo quem o PCCh condecora, homenageia ou por quem faz campanhas, pessoas que, segundo Li, são “muito próximas do Partido”.

Táticas recorrentes

Li descreveu uma tática recorrente que o PCCh emprega: “Um agente ou oficial do PCCh convida um político ocidental para refeições ou encontros. Daí eles se conhecem, o que torna mais fácil para o PCCh pedir favores a esses políticos. Ocasionalmente, um oficial de alta patente do Partido cooperará nesse artifício; um convite vindo desse grupo de oficiais faria com que certos políticos ocidentais se sentissem honrados ou lisonjeados. Daí, os agentes fazem o resto.”

Outro método, diz Li, é mirar as pessoas próximas aos políticos, desde a família e vizinhos a assistentes e fotógrafos da imprensa. “Através dessas pessoas, os agentes podem extrair certas informações ou exercer certa influência.”

No entanto, Li revela que quando a atração não vinga, o PCCh emprega a coerção. Maneiras típicas de armar contra um político ocidental envolvem desde pesquisas biográficas até planejamentos para armadilhas intencionais. O político é convidado à China, sob o pretexto de reunião, visita oficial ou um simples passeio. Quando chega à China, o agente o seduz com dinheiro ou interesse político. “Às vezes, a sedução envolve a vida pessoal do político”, informa Li.

Após o alvo cair na armadilha, o agente do PCCh usa as evidências para forçar o político à vontade do Partido. Muitas vezes, quando o político não morde a isca, os agentes atribuem ao político a responsabilidade por algo que este não cometeu, com provas forjadas com tecnologia moderna.

“Isso funciona muito bem com os ocidentais”, diz Li. “Nas sociedades ocidentais, o futuro dos políticos depende muito de suas reputações. Os políticos do Ocidente frequentemente ficam aterrorizados quando caem no esquema, temendo o fim de suas carreiras caso o PCCh torne público as ‘provas’.”

Outros objetivos

Além de políticos, o regime também age contra oficiais do governo, companhias influentes, grupos sociais, mídia, e outras pessoas ou organizações não-políticas, mas que podem influenciar a política do país em algum aspecto. “Eles são monitorados rigidamente; por meio de contatos públicos e privados, suas necessidades e fraquezas são estudadas”, diz Li.

O PCCh também usa organizações ocidentais e a mídia pró-PCCh como porta-vozes. Essas organizações nacionais têm uma influência mais direta em seus políticos, uma vez que são constituídos na maior parte por cidadãos locais. O PCCh usa membros de comunidades chinesas no ultramar, bem como estudantes e associações acadêmicas para trabalharem para o regime, sob o pretexto de “servir à nação chinesa”.

Li também revela que há um princípio escrito no Ministério da Segurança do Estado que agentes são autorizados a figurar como anti-PCCh, desde que seus objetivos sejam proteger interesses maiores do Partido. “Alguns podem criticar o PCCh, mas em momentos cruciais, eles se tornam pró-PCCh e suas opiniões podem ajudar em muito o Partido”, afirma ele.

Segundo Li, na aparência, o regime chinês enfatiza a importância de “proteger a amizade entre a China e os EUA”; mas, na realidade, vê as nações democráticas ocidentais, lideradas pelos EUA, como inimigas, e vê especialmente os EUA como seu principal inimigo.

“Dar atenção à China é algo bom, mas não significa bajular ou se submeter ao PCCh”, finaliza Li.