Advogados chineses espancados após visitarem centro de lavagem cerebral

16/05/2013 17:26 Atualizado: 16/05/2013 18:58
Onze advogados foram espancados em Sichuan em 13 e 14 de maio após visitarem um centro de lavagem cerebral na região; são eles (esquerda-direita): Wen Haibo, Tang Jitian, Wang Cheng, Tang Tianhao, Liang Xiaojun, Jiang Tianyong, Guo Haiyue, Li Heping, Zhang Keke, Lin Qilei e Yang Huiwen (Li Fangping/Weibo.com)

Um grupo de 11 advogados chineses de direitos humanos que tentou investigar um “centro de lavagem cerebral” extralegal no sudeste do país foi violentamente atacado por guardas em 13 de maio, antes de ser entregue à polícia, que os espancou ainda mais e os manteve presos durante a noite antes de liberá-los.

Os advogados foram visitar o Centro Er’ehu de Educação Legal na cidade de Ziyang, província de Sichuan. O termo “centro de educação legal” é um eufemismo utilizado pelas autoridades chinesas para se referir a lugares que realizam “reforma do pensamento”, também conhecido como “lavagem cerebral”, em praticantes da disciplina espiritual do Falun Gong. O Minghui.org, um website do Falun Gong, tem documentado detalhadamente a longa história de tortura mental e física contra o Falun Gong em Er’ehu.

Primeiramente, sete advogados foram presos fora de Er’ehu por “obstruir negócio oficial”, segundo os Defensores dos Direitos Humanos na China (CHRD), uma rede de pesquisa e advocacia.

Outros quatro advogados foram detidos quando foram a Ziyang intervir nas prisões; os CHRD informaram que eles foram detidos e interrogados antes de seres liberados.

Jiang Tianyong, um dos primeiros indivíduos a regressar após o incidente, disse numa entrevista em 14 de maio para a Epoch Times: “Acabamos de chegar do centro de educação legal e não esperávamos que eles fossem tão agressivos e violentos. Eles saltaram sobre nós e começaram a nos espancar. Mais tarde, eles nos levaram para a polícia local – havia vários policiais à paisana e oficiais da segurança pública lá. O tempo todo eles foram extremamente violentos; nós fomos mantidos presos até as primeiras horas da manhã de 14 de maio e então eles me levaram junto com Li Heping e Tang Tianhao para ficarmos presos na delegacia da Rua Binjiang. Eles levaram os outros cinco advogados para outro lugar e também os detiveram durante a noite – só hoje às 11h40 eles foram liberados.”

A versão chinesa da Deutsche Welle consultou Liu Weiguo, outro advogado de direitos civis, sobre seus pensamentos a respeito do tratamento violento recebido pelos advogados. Ele disse que isso provavelmente está relacionado com a identidade do grupo detido no centro e que “os advogados abriram o buraco negro do sistema de aplicação da lei da China – o sistema de detenções arbitrárias, prisões negras, tortura e desaparecimentos forçados, especialmente a perseguição ao Falun Gong, que ocorre sob o sistema de manutenção da estabilidade”.

Alguns relatos descreveram a instalação como uma prisão negra, termo mais frequentemente utilizado para se referir a lugares que detêm peticionários que vão à capital em busca de reparação por injustiças.

O Centro Er’ehu de Educação Legal em Ziyang tem foco mais específico, que é o de “transformar” e torturar praticantes do Falun Gong. Ele tem aprisionado centenas de praticantes desde que foi criado em 2006; dois praticantes do Falun Gong foram mortos no local no início de 2012, segundo o Minghui. Centros de lavagem cerebral como este foram estabelecidos em quase todas as cidades na China, operando fora do sistema judicial chinês. Eles são controlados pelo Comitê dos Assuntos Político-Legislativos local e pela Agência 610, órgão extrajudicial do Partido Comunista Chinês (PCC) encarregado de coordenar a perseguição ao Falun Gong.

Um artigo de 19 de fevereiro no Minghui diz: “De acordo com estatísticas incompletas, pode haver cerca de 400-500 praticantes do Falun Gong detidos em Er’ehu.”

A ousada visita à instalação vem apenas um mês após um artigo da revista chinesa Lens, que retratou a perseguição ao Falun Gong que perdura desde 1999, após ter sido iniciada pelo então líder chinês Jiang Zemin. O artigo da Lens atraiu grande atenção e choque ao descrever as torturas brutais promovidas no Campo de Trabalho Masanjia contra praticantes do Falun Gong. Após enorme divulgação, o artigo foi logo censurado pelas autoridades.

Em diferentes lugares da China, outros advogados de defesa dos direitos, chamados “advogados weiquan” em chinês, reuniram-se para apoiar o grupo que viajou a Sichuan. Teng Biao, outro advogado weiquan bem conhecido que não foi a Sichuan, publicou uma foto no Sina Weibo, uma mídia social similar ao Twitter, de outros cinco advogados segurando um cartaz que dizia: “Ziyang: Espancar advogados cruelmente não encobrirá os crimes do centro de lavagem cerebral!”

Outros advogados de Pequim apoiaram as vítimas espancadas. Na foto estão Li Fangping, Teng Biao, uma mulher não identificada, Liu Wei e Xiao Guozhen. Eles seguram uma faixa que diz: “Ziyang: Espancar advogados cruelmente não encobrirá os crimes do centro de lavagem cerebral!” (Teng Biao/Weibo.com)

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