Um grupo de advogados canadenses se mostrou “profundamente preocupado” com o andamento da detenção e paradeiro do proeminente advogado chinês Gao Zhisheng, conhecido por sua coragem em falar contra os abusos dos direitos humanos na China.
Gao, que suportou anos de perseguição do regime chinês e detenção periódica, seria libertado da prisão que ele cumpre no remoto Nordeste da China em 22 de agosto de 2013, mas ele desapareceu, segundo o grupo ‘Law Society of Upper Canada’ (LSUC).
“A LSUC está profundamente preocupada com a situação dos advogados que trabalham pela defesa e respeito dos direitos humanos e que são alvos de perseguição ao exercitarem suas liberdades e direitos sob a lei internacional”, disse o grupo num comunicado.
Gao, três vezes indicado ao Prêmio Nobel da Paz, é conhecido como a “consciência da China” e representou os interesses de direitos humanos de grupos reprimidos, como cristãos domésticos e adeptos do Falun Gong, uma disciplina espiritual tradicional.
Os problemas de Gao começaram em 2005 depois que ele escreveu várias cartas abertas ao regime comunista chinês posicionando-se em defesa destes grupos. Em retaliação, o regime fechou seu escritório e posteriormente o condenou a três anos de prisão por “incitar a subversão do Estado”.
Após pressão internacional, a sentença foi mudada para cinco anos de liberdade condicional. Nesse período, Gao desapareceu pelo menos seis vezes e numa ocasião por 20 meses. Cada vez ele foi severamente torturado.
Destemido, Gao em seguida tentou concentrar a atenção do mundo na deterioração dos direitos humanos em seu país por meio de uma carta aberta ao Congresso dos Estados Unidos.
Na carta, ele afirmou que não podia apoiar a China como sede dos Jogos Olímpicos. Pouco depois, ele foi levado por policiais, espancado até a inconsciência e preso por seis semanas. Em novembro de 2007, Gao foi colocado sob prisão domiciliar. Foi-lhe negado todo o tipo de visita, sua conta bancária foi congelada e sua família era constantemente perseguida e intimidada pelas forças de segurança do Estado.
Em seguida, ele desapareceu por 14 meses a partir de fevereiro de 2009. Mais tarde, foi revelado que ele havia sido colocado em detenção.
Após uma entrevista em março de 2010, quando Gao descreveu suas provações e as torturas sofridas em detenção, ele foi novamente preso e detido por 20 meses, desta vez sem poder contatar seu advogado ou familiares.
Ele foi novamente preso em dezembro de 2011, desta vez no Presídio do Condado de Shaya, na região remota de Xinjiang. Desde então, seus familiares só o viram duas vezes, uma em 2012 e outra em 2013.
Agora, não se sabe dele novamente, e a LSUC está pedindo ao regime chinês que “garanta em todas as circunstâncias a integridade física e psicológica de Gao Zhisheng”.
A LSUC também está pedindo ao regime que garanta todos os direitos processuais que devem ser concedidos a Gao e a outros defensores dos direitos humanos na China; que ponha um fim a todos os atos de assédio contra Gao e outros defensores dos direitos; e que garanta o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais, de acordo com as normas internacionais.
Apesar de Gao estar à mercê dos poderes constituídos, seu exemplo levou a uma mudança na China; agora outros advogados estão preparados para desafiar o regime em seus crimes mais graves. Agora há dezenas de advogados dispostos a se posicionar contra a brutalidade do regime chinês e defender os mais vulneráveis.