Adolescente tibetana presa pelo regime chinês por protestar

09/09/2012 08:05 Atualizado: 09/09/2012 08:05
Uma mulher visita uma exposição mostrando retratos de autoimolação das vítimas no Tibete. (Mandy Cheng/AFP/Getty Images)

Uma jovem tibetana de 17 anos que foi espancada pelas autoridades chinesas recentemente e recebeu uma pena de prisão de três anos por distribuir panfletos criticando o governo da China sobre o Tibete e sugerindo que as autoridades locais estão tentando acabar com a dissidência após as inúmeras autoimolações.

Notícias sobre a condenação de Jigme Dolma foram recebidas no início desta semana, disse o monge Tehor Jigme, baseado na Índia, à Rádio Free Asia. No entanto, ela foi presa no final de agosto.

Jigme Dolma foi presa por organizar protestos no município de Kardze na província de Sichuan.

“Detalhes sobre onde ela servirá sua sentença ainda são desconhecidos”, disse Tehor Jigme à emissora e acrescentou, “no entanto, sua sentença de três anos foi confirmada.”

Em junho, Jigme Dolma jogou panfletos ao ar em cima de uma ponte num cruzamento em Kardze e gritou slogans pró-Tibete.

“Quando ela chegou à parte principal da cidade, a polícia venceu-a e a levou para longe, espancando-a no processo”, disse uma tibetana de Kardze à RFA. Ela também foi agredida e enviada a um hospital com o braço numa tipoia.

Seus pais só foram autorizados a visita-la uma vez, quando ela estava detida em Kardze, mas ela foi transferida para uma região não revelada longe das áreas tibetanas da China, disse o monge, “Ela foi acusada de cometer ações que visavam ‘dividir a China’”, disse ele.

Nos últimos meses, as autoridades chinesas têm se esforçado em reprimir os manifestantes tibetanos e prender pessoas que espalham informações sobre os tibetanos que se puseram em fogo para protestar contra o regime chinês. Recentemente, um monge tibetano baseado na província de Sichuan foi condenado por divulgar informações sobre as autoimolações.

Desde fevereiro de 2009, mais de 50 tibetanos, a maioria monges e monjas, puseram-se em fogo para protestar contra o regime comunista chinês. As autoimolações, que são principalmente centradas em torno do mosteiro Kirti, na província de Sichuan, não são toleradas pelo primeiro-ministro do Tibete no exílio, Lobsang Sangay.

A Campanha Internacional pelo Tibete, um grupo de direitos, enviou uma carta à secretária de Estado norte-americana Hillary Clinton na semana passada, pedindo que ela questionasse “as campanhas de repressão e reeducação” do regime chinês dirigidas aos tibetanos.

Tais programas, acrescentou o grupo, “estão de fato acelerando a deterioração da cultura tibetana, acentuando o declínio na liberdade religiosa e contribuindo para uma tragédia cada vez mais vista pela comunidade internacional”.

Nos últimos dias, a capital tibetana de Lhasa na Região Autônoma do Tibete tem sido mantida fortemente fechada e guardada por forças de segurança chinesas. Um morador descreveu a situação local como “uma grande prisão” e que a polícia está por toda parte, armada com “rifles, cassetetes e extintores de incêndio”.