A Adidas lançou no Brasil uma coleção de camisetas para a Copa do Mundo de 2014. O problema dessa coleção é que algumas camisetas tem estampas que associam sutilmente a imagem da mulher brasileira ao sexo.
Uma das camisetas mostra o desenho de um coração vestido com um biquini, insinuando a imagem das nádegas de uma mulher. Outra mostra a figura de uma mulher morena ao lado do Pão de Açucar, com a frase “Lookin’ to score”, que dá a entender que o Brasil é o lugar de “pegar muitas mulheres”.
A reação do Ministério do Turismo brasileiro foi aguda e direta, divulgando uma nota de repúdio em seu site:
“O Ministério do Turismo repudia qualquer relação entre os ícones nacionais e imagens com apelo sexual. Tal atitude contraria a política de promoção oficial do país e contribui indiretamente para a prática de crimes, como a exploração sexual de crianças e adolescentes. O Ministério do Turismo, por meio da Embratur, vai formalizar uma reclamação junto à Adidas pela associação que a empresa alemã fez de símbolos nacionais com desenhos de conotação sexual.”
Segundo o Portal Brasil, o presidente da Embratur, Flávio Dino, afirmou que o turismo sexual é uma prática criminosa intolerável no Brasil: “Queremos deixar claro aos nossos principais parceiros comerciais na área do turismo que o Brasil não tolera esse tipo de crime em seu território”.
Depois de ter conhecimento sobre o ocorrido, a Presidente Dilma Roussef também enviou uma mensagem através do Twitter, comentando o assunto, dizendo que o Brasil “está feliz em receber turistas que chegarão para a Copa, mas também está pronto para combater o turismo sexual”.
Essa atitude da Adidas mostra que é bem forte ainda a imagem do Brasil como ponto de turismo sexual, o que, infelizmente, tem muito de verdade, já que é de conhecimento público a rotina de estrangeiros que vêm continuamente em busca de sexo com garotas brasileiras, principalmente nos estados do nordeste. Além disso, apesar de fortemente velada, muitas pessoas são testemunhas da exploração sexual nestes mesmos estados, inclusive de menores, feita por empresários e até políticos brasileiros. Isso mostra que a atitude da Adidas é um reflexo dessa prática suja que ainda é admitida no país.
A Adidas tem, de fato, se mostrado pouco ética, não só nessa questão que incita o turismo sexual no Brasil, mas também em relação a exploração do trabalho escravo ou semi-escravo em países como Bangladesh, China e outros. No caso da China, a Adidas foi acusada por órgãos e mídias internacionais de utilizar mão de obra escrava dos campos de trabalho forçado chineses, mão de obra esta que vem de presos políticos torturados e abusados, como ativistas políticos, ambientalistas, praticantes de Falun Gong e outros.
Alberto Fiaschitello é cientista social e terapeuta naturalista