No último dia 28, a barragem das Três Gargantas foi invadida por uma grande quantidade de lixo e detritos, formando uma extensa faixa de resíduos que praticamente travou o fluxo do rio Yangtzé. Devido a um novo ciclo de reposição do nível de água na barragem, em questão de horas se acumulou milhares de toneladas de lixo, em sua maior parte composto de garrafas plásticas e restos de materiais de construção. Segundo estimativas da equipe de limpeza, esse é o maior acúmulo de lixo observado na região da barragem das Três Gargantas desde o início de sua construção em junho de 2003.
Essa não é a primeira vez que o problema é observado, pois nos últimos anos a cena vem se repetindo regularmente, com menos intensidade. Moradores da região revelam que sempre que as comportas da barragem são abertas para renovar o fluxo de água, amontoados de lixo se formam rio abaixo, atrapalhando a rotina de pescadores e canoeiros, uma vez que, além de dificultar o descolamento das embarcações, o acúmulo de lixo frequentemente é ingerido pelos peixes, que acabam morrendo e afetando a cadeia alimentar; além de agravar a poluição das águas, um problema cada vez mais preocupante na China atual.
Em dez anos de existência, o projeto de construção da grande usina das Três Gargantas já trouxe inúmeros impactos ambientais, além de desperdiçar bilhões em ajustes urgentes por deficiências do projeto, corrupção, deslocamento populacional forçado etc. Ambientalistas há muito apontaram as diversas mazelas que a construção da barragem traria para toda a região banhada pelo rio Yangtzé, chamando atenção para o acúmulo de sedimentos no trecho da barragem, que diminui o nível do rio nos trechos posteriores e torna-os mais suscetíveis a enchentes.
Estima-se também que mais de 1.9 bilhão de toneladas de sedimentos estão concentrados na região da barragem, uma quantidade que a correnteza do rio Yangtzé ainda pode carregar. Porém, caso o nível de acúmulo de sedimentos siga o mesmo ritmo, em menos de 30 anos a quantidade chegará a 4 bilhões de toneladas, o que obstruiria o rio e o forçaria a mudar de curso. O engenheiro hídrico Huang Wanli diz: “Se o projeto persistir, muito provavelmente chegaremos a esse ponto e então a barragem terá de ser demolida a um custo muito maior. Dessa forma, o melhor a se fazer é demoli-la agora mesmo.”