“O lado ensolarado da vida” é o que dizem os anúncios de turismo nas Maldivas, um conjunto de ilhas tropicais no Oceano Índico. Esse slogan tornou-se realidade para uma família de refugiados palestinos, que lá encontraram a esperança para um futuro melhor após 10 meses fugindo dos conflitos no Oriente Médio.
Em outubro do ano passado, Ubaid [nome mudado por razões de segurança], 49 anos, saiu da Síria com sua esposa e duas filhas pequenas. Segundo ele, no início da revolta, todos acreditavam que os combates não durariam muito tempo, porém a situação do país só foi se deteriorando, os assassinatos aumentaram e tudo ficou mais caso. “Minhas filhas não tinham vida, elas estavam em permanente estado de medo”, disse.
Primeiro, a família fugiu para o Egito, em seguida para a Líbia e depois para Dubai, onde o irmão de Ubaid vive. Mais tarde, eles tentaram morar com parentes na Europa, mas devido à documentação irregular não conseguiram embarcar. No dia 10 de julho desse ano, com medo de serem deportados para a Síria, eles foram para as Maldivas, onde o visto é normalmente concedido na chegada ao país.
Quando chegaram à capital Malé, os documentos ainda eram um empecilho e eles ficaram detidos no aeroporto. As Maldivas, menor país asiático em população e área, nunca havia recebido refugiados palestinos antes. O fato do país não ter assinado a Convenção da ONU sobre o Status dos Refugiados em 1951 e o seu protocolo em 1967 e não ter experiência para lidar com refugiados agravou a situação da família de Ubaid.
O caso chegou ao escritório do Alto Comissariado da ONU para os Refugiados (ACNUR) da Índia. Dominik Bartsch, chefe da missão do ACNUR no país, entrou em contato com as autoridades das Maldivas e pediu para encontrar Ubaid.
O governo acabou concedendo livre acesso à família e, após três dias de entrevistas rigorosas, o ACNUR na Índia reconheceu a família como refugiados e apresentou sua situação ao governo sueco para um possível asilo no país.
“Eu tentei ir para outros países, mas foi impossível”, disse Ubaid. “Ninguém nos aceita, porque somos palestinos. Eu não posso voltar para o Egito ou para a Síria, já que os dois estão lidando com conflitos. A Líbia é igualmente perigosa. Enfrentei perseguições todos os dias e uma vez quase fui morto”, acrescentou dizendo que se preocupa com a educação das filhas.
Com a ajuda da ONU, a história da família palestina teve um final feliz e eles conseguiram refúgio na Suécia. O país escandinavo, junto com a Alemanha, foi o que mais recebeu refugiados vindos da Síria desde o início do conflito no país asiático.
Esta matéria foi originalmente publicada pela ONU Brasil