Acabando com o roubo de órgãos na China

01/10/2012 12:02 Atualizado: 20/04/2014 21:41
O advogado de direitos humanos David Matas discursa em Toronto, Canadá, em 29 de setembro de 2012, sobre o abuso do transplante de órgãos na China. (Matthew Little/The Epoch Times)

TORONTO – David Matas tem desbastado por seis anos um dos crimes mais horríveis do regime chinês, esperando o dia em que um sistema rígido e brutal finalmente se desintegrará.

O inovador relatório de coautoria de Matas sobre a extração forçada de órgãos na China mudou as leis nacionais. Também foi a semente de um movimento crescente na comunidade médica de transplante que quer medidas mais rigorosas implementadas para garantir que órgãos não provenham de doadores involuntários executados por suas crenças espirituais.

Matas trabalha como advogado de direitos humanos há décadas e publicou vários livros ao longo do caminho. Ele fez uma pausa em Toronto, a caminho do lançamento de seu livro mais recente, uma coletânea de ensaios escritos por ele e outros chamado ‘Órgãos do Estado: O abuso do transplante na China’ (State Organs: Transplant Abuse in China).

Acompanhado por Sanderson Layng, o vice-presidente e chefe de operações do ‘Centro Canadense para a Conscientização de Abuso’, Matas delineou as principais preocupações com o comércio maciço da China de órgãos humanos. Ele apontou especificamente a falta de uma fonte para os órgãos e as evidências crescentes de que uma população carcerária maciça de adeptos da prática espiritual do Falun Gong está sendo executada por seus órgãos.

O momento chegou, disse ele, para pressionar o regime chinês a abordar estas preocupações. O Congresso Nacional do Partido Comunista Chinês (PCC) está programado para acontecer em 8 de novembro, com uma nova geração de líderes prontos para assumir posições-chave no PCC. A caminho do Congresso, facções do PCC têm disputado por posições, um processo que poucos do lado de fora entendem, observou Matas.

“Esta é uma luta interna pelo poder. Basicamente, nós acabamos de ouvir rumores.”

Matas disse que a mudança de poder oferece uma rara oportunidade para pressionar por mudanças na China por causa da incerteza causada pelas lutas internas enquanto cada grupo procura prevalecer.

Uma dessas facções está intimamente ligada à colheita de órgãos na China, observou Matas, detalhando longas conexões entre Bo Xilai, o protegido do ex-líder chinês Jiang Zemin e a repressão brutal ao Falun Gong.

Wang Lijun, o ex-braço direito de Bo Xilai, foi recentemente condenado a 15 anos de prisão em 24 de setembro por crimes que incluem deserção e abuso de poder. Em 28 de setembro, Bo Xilai foi expulso do PCC, aparentemente por abuso de poder e corrupção, terminando assim uma carreira que muitos esperavam o levaria a liderança do PCC.

Matas disse que o assassinato do empresário britânico Neil Heywood foi usado pela facção liderada pelo atual líder chinês Hu Jintao como uma forma de atacar seus inimigos políticos, mas sem alargar o âmbito do conflito para incluir o crime da colheita de órgãos, um crime que poderia despedaçar o regime comunista chinês.

Enquanto Bo Xilai ascendia na hierarquia do PCC por conduzir avidamente às ordens de Jiang Zemin de erradicar o Falun Gong, seu braço-direito Wang Lijun era elogiado por patrocinar a investigação sobre o uso de injeções letais lentas que permitem que a colheita de órgãos seja mais eficaz.

Mas o negócio do transplante tem sido sempre duvidoso na China, observou Matas. “Desde o início, eles utilizaram prisioneiros como fonte de órgãos e praticamente nenhuma outra fonte.”

O Falun Gong cresceu muito em popularidade nos anos de 1990 e depois que foi proibido pelo regime autoritário em 1999, a população carcerária de praticantes do Falun Gong inchou.

Matas e seu colega investigador David Kilgour, um ex-membro do Parlamento canadense e secretário de Estado para a Ásia-Pacífico, concluiu que o regime tem utilizado esta população como uma enorme fonte de órgãos.

Esta era a única explicação possível de como os hospitais chineses poderiam oferecer transplantes caros sob demanda, sem a habitual lista de espera necessária para encontrar um dador compatível, segundo Matas e Kilgour.

Epoch Times publica em 35 países em 19 idiomas.

Siga-nos no Facebook: https://www.facebook.com/EpochTimesPT

Siga-nos no Twitter: @EpochTimesPT