Toby levantou a pequena mão de Nathan, de 4 anos, e tocou a crina do cavalo. Ela afagou o cavalo gentilmente com a mão de Nathan enquanto dizia, “vai”.
O cavalo andou. Nathan sorriu. Ela segurou a sua mão e afagou o cavalo novamente enquanto claramente dava o comando verbal “vai”. O cavalo avançou mais um pouco. O sorriso de Nathan cresceu.
Toby largou a mão de Nathan, e olhou com coragem para os olhos do rapazinho enquanto o cavalo aguardava a ordem seguinte. Sem excitação, Nathan afagou o cavalo novamente. Nada aconteceu. O sorriso esmoreceu da face de Nathan, mas ele afagou o cavalo de novo e depois novamente.
Toby sorriu para ele, tocou com o seu dedo nos lábios e articulou a palavra “comando”. Nathan esforçou-se para compreender, mas Toby continuou a demonstrar e aguardar pacientemente para que tentasse de novo. Subitamente o rosto de Nathan iluminou-se. Ele afagou o cavalo e falou bruscamente “vai cavalinho!” – foram as primeiras palavras que o menino disse na vida!
Nathan foi diagnosticado com um “atraso de desenvolvimento” e nunca foi capaz de falar. A sua mãe ouviu falar do programa de equinoterapia de Toby Freeman, chamado ‘Horse Talk’ (Conversa com o cavalo), para crianças com dificuldades de fala. A mãe de Nathan inscreveu o filho no programa uma vez que os métodos convencionais não pareciam estar dando resultados.
Toby, uma cavaleira proficiente, nasceu com um vício pelos cavalos e sempre os teve presente na sua vida. Ela, desde cedo, tem um fascínio pela comunicação e pela fala. A sua tia avô e seu tio avô eram surdos, e quando Toby tinha seis anos, começou a notar que eles se comunicavam de forma dinâmica.
Outros membros da família se comunicavam com os seus tios por escrita, parecia-lhe tão limitado. Ela começou a observar a linguagem corporal deles e até as sobrancelhas. Ela estudou a maneira que usavam as mãos para falar entre si em combinação com escrita com os dedos e linguagem gestual.
Eles ensinaram-lhe o seu método, e isso permitiu que ela se juntasse a eles nesse mundo. Essa foi a primeira vez que Toby sentiu a ligação interna que existe entre as pessoas com limitações da fala. Foi a primeira vez que ela sentiu a sensação maravilhosa de abrir as portas para um novo mundo.
Quando Toby tinha 13 anos, a sua babá, Rae, sofreu um derrame, que limitou significativamente a sua capacidade de falar. Toby recorda-se da sua mãe levando-a para visitar a sua querida amiga. Foi um momento muito emocional para Toby quando Rae a cumprimentou ao entrar no quarto de hospital. Tanto que Toby se lembra das seguintes palavras: “Olá, Jimmy, o pôr-do-sol lindo”.
Intrigada, Toby observava esta gentil mulher que se esforçava para comunicar-se, por fim compreendeu o que ela dizia, “Olá Toby, como estás hoje?”.
Desde muito jovem, Toby sentia-se frustrada pelo que havia acontecido a alguém que tinha a capacidade de comunicar até sofrer um derrame. Desde então, ela estuda linguagem e fala, e gasta todo o seu tempo livre imersa em enciclopédias na biblioteca.
Desde que entrou no colégio, ela sabia que iria usar o seu amor pela linguagem e comunicação para ajudar outras pessoas e abrir-se a novos mundos. Toby trilhou o caminho em direção à faculdade para se tornar patologista de fala e linguagem. Aos 17 anos falava fluentemente 4 idiomas.
Toby teve seu Mestrado em ciências na Universidade do Michigan em patologias da fala e da linguagem em 1978, e dedicou-se a ajudar crianças e adultos a aprender a alegria de poder da fala e da comunicação.
Depois de trabalhar em várias clínicas e hospitais, em 1985 Toby abriu a sua própria clínica para facultar terapias tradicionais da fala e linguagem a crianças e adultos.
Na sua prática clínica ela desfrutou de muitos momentos de sucesso e momentos excitantes abrindo as portas a novos mundo para os seus clientes. Às vezes, contudo, a terapia tradicional parecia chegar ao limite da sua capacidade, deixando-a frustrada e cheia de desejo de fazer mais, mas parecia não haver respostas para certos bloqueios.
Depois de exercer sua profissão por 20 anos, seu pai foi diagnosticado com uma forma muito agressiva de câncer. Toby visitou e tratou seu pai diariamente.
Para ajudar a ultrapassar o seu sentimento de tristeza, Toby passava o dia no celeiro. Cavalgando ou apenas passando tempo junto de seu cavalo, sentido o movimento debaixo dela, escovando-o, amando-o, ou simplesmente chorando encostada a ele até melhorar sua disposição. Ajudava-a a clarear a mente.
Ela sempre soube da ligação que os cavalos podiam fazer com as pessoas, se as pessoas soubessem ouvir. Toby ouvia. Ela sentia o poder de concentração e a capacidade de resistir crescendo dentro dela.
Um dia teve uma epifania. Ela pensou nos seus clientes que necessitavam de algo mais para ajudá-los a abrir portas. Ela pensou em crianças autistas que tinham muitos problemas sensoriais para ultrapassar. E pensou na magia do movimento.
Ela perguntou a si mesma: “Porque não posso levar as crianças até os cavalos?”. Toby teve essa epifania como o último presente de seu pai. Ele morreu apenas alguns meses depois.
Este é o primeiro de uma série de dois artigos. Clique aqui para ver o segundo
Dutch Henry é um romancista e um freelancer que escreve sobre “pessoas e cavalos que ajudam cavalos e pessoas”. Você pode contatar Dutch por email dutchhenry@hughes.net . O se romance “We’ll Have the Summer” (Nós teremos um verão) está disponível na Amazon e no website de Dutch www.dutchhenryauthor.com