Abelhas estão mais propensas a fazerem julgamentos pessimistas quando estão estressadas, segundo um artigo publicado online na revista Current Biology de 2 de junho.
Os seres humanos estão mais propensos ao pessimismo quando experimentam o estresse, e pesquisas anteriores mostraram que outros vertebrados como cachorros, ratos e pássaros também estão mais propensos a refletir emoções negativas por causa do estresse.
Um novo estudo mostra que as abelhas, que são invertebrados, são mais similares aos seres humanos cognitivamente do que se acreditava anteriormente.
“Abelhas estressadas por um ataque predatório simulado exibem pessimismo semelhante àquele visto em pessoas depressivas e ansiosas”, disse Geraldine Wright, coordenador do grupo de pesquisa da Universidade de Newcastle no Reino Unido, num comunicado à imprensa.
“Em outras palavras, o copo das abelhas estressadas está metade vazio”, disse a primeira autora Melissa Bateson no comunicado.
Os pesquisadores primeiramente treinaram as abelhas para associarem um odor com uma recompensa adocicada e um segundo odor com quinino amargo. As abelhas demonstraram que podem diferenciar os odores, pois eram mais favoráveis a estender seus aparelhos bucais ao odor doce.
Metade das abelhas foi então chacoalhada vigorosamente por um minuto para simular um ataque à colmeia, enquanto a outra metade das abelhas foi deixada quieta. Então, as abelhas foram expostas aos dois odores novamente assim como a novos adores a partir da combinação de ambos.
A equipe descobriu que as abelhas chacoalhadas eram menos capazes do que as abelhas não sacudidas em estender suas partes bucais a alguns dos novos odores, “Nós demonstramos pela primeira vez que abelhas agitadas são mais propensas a classificar estímulos ambíguos como se previssem punição”, afirma o resumo do artigo.
Os pesquisadores também descobriram níveis reduzidos de serotonina e outros neurotransmissores no sistema de circulação das abelhas abaladas. O desequilíbrio nos níveis de serotonina é considerado por alguns cientistas como a causa da depressão em seres humanos.
“O que nós mostramos é que quando uma abelha é submetida a uma manipulação do seu estado, que em seres humanos provocaria uma sensação de ansiedade, as abelhas apresentam um conjunto de mudanças semelhante àquele que poderíamos medir num ser humano ansioso, no que diz respeito à fisiologia, cognição e comportamento”, disse Wright.
Estes resultados poderiam mudar a forma como investigações futuras sobre a emoção são conduzidas. “Se algumas pesquisas científicas sobre a emoção pudessem ser realizadas em insetos, isto levaria a uma redução do número de animais vertebrados conscientes usados em pesquisas”, disse Bateson.
“Assim, nossa pesquisa tem implicações potencialmente importantes para o bem-estar animal.”