Abaixo a “conscientização”!

03/02/2014 15:41 Atualizado: 03/02/2014 21:32

Os leitores tradicionais dos sites de índole liberal e/ou conservadora em geral já possuem um conhecimento minimamente esclarecido sobre a “novilíngua”, isto é, sobre o glossário de termos e expressões utilizados por militantes de esquerda para sintetizarem em fórmulas básicas suas concepções nonsense de mundo, visando com isto o domínio da pauta sobre os debates cujas bandeiras fazem parte de sua agenda.

Para os mais novatos, a novilíngua constitui-se num truque de retórica, cujo método é operar uma ocultação do verdadeiro objeto de uma discussão e ao mesmo tempo ressaltar as reivindicações do seu postulante. Desta forma, o interlocutor desavisado passa a expor suas razões segundo o padrão de conceitos já predeterminado por seu oponente. Por exemplo, ao utilizar-se da expressão “distribuição de renda”, o militante socialista já estipula, e de uma só vez, todo o caminho que seguirá o debate de modo que, qualquer que seja o resultado, sempre a vitória há de lhe sorrir.

Ao debatedor mais tarimbado, todavia, esta armadilha é desarmada quando indaga do porquê da necessidade de haver uma distribuição de renda já que, numa sociedade livre, não há que se falar de um ato de produção de riqueza e outro, separado, de sua distribuição, mas sim de uma única operação, na qual o contratante e o contratado já saem respectivamente com as suas cotas de riquezas na própria concretização do ato celebrado prévia e voluntariamente.

Desta vez trazemos um alerta sobre um termo recorrente entre esta gente, sendo praticamente o “mantra” dos ongueiros em geral: “conscientização”! Caso o leitor jamais tenha antes percebido como se opera esta palavrinha mágica, comece a prestar atenção aos noticiários e reportagens, especialmente àquelas sobre “cidadania” e “ecologia” para entender como tais pessoas mal-intencionadas pretendem processar uma verdadeira lavagem cerebral nas cabeças inocentes.

Ninguém conscientiza ninguém: a consciência é uma realização personalíssima! Somente eu posso adquirir a minha consciência, assim como só você pode conquistar a sua. Todas as informações que nos chegam pelos sentidos podem muito bem servir de subsídio para que delas tomemos conhecimento; todavia, a consciência, propriamente, é algo que formamos unicamente em nosso imo, por meio do nosso solitário esforço. Quem quiser entender melhor sobre o assunto, recomendo ir direto com o filósofo Olavo de Carvalho: antes dele, jamais li de alguém lições tão esclarecedoras.

Note como pessoas sensatas e honestas jamais se utilizam deste termo, mesmo que ignorantes ou distraídas quanto ao seu significado. Isto ocorre porque, na prática, não pensam em “formar a consciência” de ninguém, mas apenas “informar”, “esclarecer”, “explicar”; enfim, o que pretendem é demonstrar as suas razões e expor os fatos; elas não fazem chantagem intelectual ou emocional, mas “sugerem”, “propõem”, num ambiente de respeito a quem se dirigem. Quanto ao leitor, a ele próprio é quem restará a tarefa de reunir dentro de sua mente os elementos oferecidos e sobre eles formar um juízo, diga-se, a sua consciência.

Repare como o termo “conscientizar” sempre é utilizado no imperativo, mais ou menos segundo este esquema: “os cidadãos DEVEM ser conscientizados quanto à necessidade de…” ou “as pessoas TÊM de se conscientizar de que…”, ou ainda “nós PRECISAMOS conscientizá-los, SIM, que…” Esta é a característica básica que nos permite flagrar os impostores: quem postula tais expressões não tem outra coisa em mente que não inocular a sua peculiar visão de mundo na cabeça do seu público-alvo, com a injeção de um “vírus” linguístico, cuja função será programar as pessoas para aceitarem as ideias dele como fazendo parte do que acreditam ser a sua própria “consciência”.

O teor psicologicamente coercitivo, por sua vez, já vem embutido na acepção consagrada do termo, agindo tal como um vírus HIV, evitando desta forma que as mentes atingidas ousem iniciar a ativação das defesas cerebrais contra o elemento intruso, isto é, contra aquilo que sentem intuitivamente ter alguma coisa de errado, embora não saibam exatamente o quê; afinal, quem não concorda com a ideia do postulante, é porque não tem consciência! E ninguém quer ficar sem a tal da “consciência”, não é?

A “novilíngua” só tem uma vacina: demonstrar como é operada e divulgar suas artimanhas ao máximo. Só assim desmascararemos estes prestidigitadores.

Klauber Cristofen Pires é Bacharel em Ciências Náuticas no Centro de Instrução Almirante Braz de Aguiar, em Belém, PA. Técnico da Receita Federal com cursos na área de planejamento, gestão pública e de licitações e contratos administrativos. Dedicado ao estudo autoditada da doutrina do liberalismo, especialmente o liberalismo austríaco. Possui artigos publicados no Mídia Sem Máscara, Diego Casagrande, Domínio Feminino, O Estatual e Instituto Liberdade. Em 2006, foi condecorado como “Colaborador Emérito do Exército”, pelo Comando Militar da Amazônia. Seu webite é Libertatum

Publicado no website Endireitar