A verdadeira razão de Gu Kailai assassinar o empresário britânico Neil Heywood

11/08/2012 03:00 Atualizado: 11/08/2012 03:00

Gu Kailai (esquerda) e Bo Xilai (direita). (Arquivo Epoch Times)Revelar seus crimes e os de Bo Xilai na colheita de órgãos levou ao assassinato de Heywood

O empresário britânico assassinado Neil Heywood sabia demais e, aparentemente, falou sobre o que sabia. Isso, segundo uma fonte familiarizada com o assunto, foi o motivo de sua morte.

O envolvimento de Heywood com Bo Xilai, um poderoso ex-político chinês recém-deposto, e Gu Kailai, a esposa de Bo Xilai, era muito mais extenso do que foi reportado anteriormente. Aparentemente, esse relacionamento incluía lucrar com a atrocidade da colheita de órgãos forçados de pessoas vivas e negociar seus órgãos e cadáveres. Também envolveu ajudá-los a planejar um golpe de Estado.

Heywood foi encontrado morto envenenado no Hotel Lucky Holiday na megalópole de Chongqing, no centro-oeste da China, em 14 de novembro de 2011. Em 10 de abril, Gu Kailai e seu empregado Zhang Xiaojun teriam sido postos em custódia por suspeita de assassinato.

Gu Kailai foi originalmente descrita pela mídia estatal chinesa como tendo assassinado Heywood devido a desacordos sobre questões financeiras. Em 25 de julho, em seu primeiro comentário sobre o assunto desde abril, a mídia porta-voz do regime chinês, a Xinhua, elaborou este motivo: como resultado de divergências sobre questões de negócios, foi dito que Gu Kailai temia que Heywood prejudicasse seu filho Bo Guagua e assim decidiu assassinar o empresário britânico.

Heywood certamente estava envolvido com os negócios da família Bo, ele ajudou a mover bilhões que Bo Xilai e Gu Kailai adquiriram através de diferentes acordos na China para contas no exterior.

Mas o envolvimento de Heywood foi muito além de mover dinheiro para o estrangeiro.

Neil Heywood. (Imagem da NTDTV.com)Tráfico de órgãos

O envolvimento de Heywood com Bo Xilai e Gu Kailai remete ao mandado de Bo Xilai na cidade de Dalian, na província nordeste de Liaoning. Bo Xilai foi prefeito da cidade de Dalian quando a perseguição à prática espiritual do Falun Gong começou em julho de 1999 e avançou em sua carreira tornando-se um dos primeiros e mais fervorosos nesta campanha.

Primeiro a cidade de Dalian e depois a província de Liaoning se tornaram lugares infernais para os praticantes do Falun Gong após Bo Xilai se tornar governador em 2000. De acordo com relatórios elaborados pelo website Minghui do Falun Gong, a província de Liaoning, durante o mandado de Bo Xilai como governador, teve o maior número de mortes de praticantes do Falun Gong devido à tortura e outros abusos entre as 33 províncias e cidades provinciais chinesas.

Em abril de 2006, o Epoch Times reportou pela primeira vez sobre o crime da colheita forçada de órgãos de pessoas vivas na China, com histórias detalhadas sobre um hospital em Sujiatun, um subúrbio da capital de Liaoning, cidade de Shenyang.

Na época que a extração forçada de órgãos foi descoberta pela primeira vez, havia cinco websites diferentes na província de Liaoning anunciando órgãos para transplante com preços listados, um coração novo custava 180 mil dólares, uma córnea nova 3 mil dólares. O maior destes empreendimentos era na cidade de Shenyang.

A colheita de órgãos de praticantes do Falun Gong começou logo depois que a perseguição foi iniciada em 1999.

Os canadenses David Kilgour, ex-secretário de Estado canadense para a Ásia-Pacífico, e o procurador da coroa David Matas, um advogado internacional de direitos humanos, investigaram as alegações de colheita de órgãos e publicaram um relatório chamado “Colheita Sangrenta” em julho de 2006, que posteriormente virou um livro. Eles alegaram que, nos anos de 2000-2005, 41.500 transplantes ocorreram na China em que a fonte mais provável dos órgãos foi de praticantes do Falun Gong.

Heywood estaria envolvido com Bo Xilai e Gu Kailai no negócio da colheita de órgãos em Liaoning, segundo a fonte do Epoch Times e foi isso que selou sua sentença de morte. Heywood começou a vazar informação sobre seu envolvimento nesta atrocidade.

Negociando em corpos

Heywood também estaria envolvido no comércio de cadáveres humanos.

Começando em 2000, duas fábricas abriram em Dalian para preservar corpos humanos para exposição.

Em 2003, a revista Oriental Outlook, uma afiliada da Xinhua, informou que em 2003 a China havia se tornado o maior exportador de cadáveres humanos e que uma das empresas da cidade de Dalian era a maior fábrica de mumificação humana no mundo.

No início deste ano, o Epoch Times obteve informações confiáveis da cidade de Dalian de que a grande maioria dos corpos disponibilizados às fábricas de mumificação era de praticantes do Falun Gong assassinados.

A lei chinesa proíbe a comercialização de órgãos humanos, exceto em certas circunstâncias, e Bo Xilai e Gu Kailai tinham condição de garantir que as empresas receberiam qualquer papelada necessária para lucrar com esses corpos.

Conspirando com oficiais de alto escalão do Comitê dos Assuntos Político-Legislativos (CAPL), como o ex-secretário Luo Gan, Gu Kailai e Bo Xilai aproveitaram as brechas na lei chinesa e impediram que familiares de praticantes do Falun Gong que foram torturados até a morte reivindicassem os corpos (as informações obtidas pelo Epoch Times não indicam que as empresas tivessem conhecimento da origem dos corpos).

Em vez disso, as agências de segurança pública e os tribunais recolhiam os corpos e os vendiam a um preço elevado para as fábricas de mumificação. De lá, os corpos eram enviados para museus em todo o mundo para exposição, gerando bilhões de dólares a cada ano.

Gu Kailai era responsável pela gestão financeira, publicidade online nacional e internacional e pela abertura de canais de exportação para o tráfico de órgãos e corpos humanos.

De acordo com a fonte do Epoch Times, Heywood assistiu Gu Kailai.

Planejando um golpe de Estado

O Epoch Times publicou reportagens exclusivas sobre como Bo Xilai, o chefe da segurança pública chinesa Zhou Yongkang e outros membros da facção do ex-líder chinês Jiang Zemin criaram um segundo centro de poder no PCC com base no CAPL. Eles tinham a intenção de que Bo Xilai assumisse o controle do CAPL no 18º Congresso Nacional do PCC em outubro deste ano, substituindo Zhou Yongkang, o atual chefe do CAPL.

No momento certo, Bo Xilai substituiria Xi Jinping, que deverá ser nomeado chefe do PCC no próximo Congresso e assumirá o comando do regime chinês.

No entanto, os conspiradores não esperavam a fuga de Wang Lijun, o ex-braço direito e capanga de Bo Xilai, para o consulado dos EUA na cidade de Chengdu em 6 de fevereiro, que veio a expor e destruiu todo o plano.

De acordo com a fonte do Epoch Times, Gu Kailai desempenhou um papel importante neste plano. Depois que Gu Kailai foi presa, para escapar da pena de morte, ela revelou os planos de Bo Xilai e Zhou Yongkang para derrubar Xi Jinping. Ela também admitiu que era a pessoa de contato entre Bo Xilai e Zhou Yongkang.

Gu Kailai afirmou que sob as ordens de Zhou Yongkang e Bo Xilai, ela realizou operações no exterior para subornar a imprensa estrangeira e usá-la para publicarem em favor de Zhou Yongkang e Bo Xilai, elevar seu status político deles e atacar e caluniar Xi Jinping.

Ela via Heywood como um assessor de confiança, que ajudou com atividades fora da China e que sabia dos planos de golpe de Zhou Yongkang e Bo Xilai.

Gu Kailai está sendo julgada pela morte de Heywood desde 9 de agosto na cidade de Hefei, província de Anhui. Analistas não esperam que qualquer informação nova sobre o assassinato de Heywood surja durante o evento.