A tragédia da poluição das águas na China

01/04/2013 16:20 Atualizado: 01/04/2013 21:11
A poluição industrial combinada à eutrofização e ao crescimento excessivo das algas. gera tons de verde, vermelho ou outras colorações mais estranhas, com terríveis efeitos para a fauna marinha e a saúde das pessoas (Imagens da internet)

A Agência Nacional das Águas e o Instituto Nacional de Pesquisa na China divulgaram em 26 de março um levantamento completo da bacia hidrográfica chinesa; de acordo com as autoridades responsáveis, esse foi o estudo mais abrangente e preciso já feito acerca da situação das águas na China e os dados obtidos são extremamente preocupantes.

De acordo com o estudo, nos últimos 20 anos, 27 mil rios com área de drenagem superior a 100 km² deixaram de existir: foram registrados 22.900 rios remanescentes, em contraste com os mais de 50.000 registrados há duas décadas, mas excluindo-se rios localizados em áreas de difícil acesso e baixa população, que não teriam sido contabilizados em pesquisas anteriores. Ou seja, para os ambientalistas, apesar de 27.000 ser um número assustador, a estatística real seria de 29 a 31 mil rios “desaparecidos” nos últimos 20 anos.

Quanto aos rios remanescentes, o estudo indicou que cerca de 35% destes estão completamente poluídos e sem serventia alguma, enquanto que a porcentagem dos rios cuja água é própria para o consumo humano é ainda mais angustiante, menos de 22%. Além do grande número de detritos tóxicos e resíduos industriais, a superproliferação de algas – fenômeno conhecido como eutrofização – também figura como uma das principais causas da poluição das águas na China, pois o excesso de algas consome o oxigênio na água, matando a fauna aquática; além disso, certas espécies de alga liberam toxinas, tornando a água imprópria para o consumo humano.

Segundo o levantamento, os níveis gravíssimos de poluição são comuns em todas as sete principais bacias hidrográficas da China e a situação vem piorando exponencialmente, apesar das grandes cifras deslocadas para o tratamento das águas poluídas – dezenas de bilhões de yuanes anualmente. O estudo também mapeou todas as estações de tratamento, reservatórios e usinas hidrelétricas e constatou que a eficiência destas instalações está muito aquém do mínimo necessário e mais distante ainda do ideal. Assim, especula-se que grandes esquemas de corrupção estejam desviando as verbas destinadas à preservação ambiental, além de projetos de qualidade e resultados questionáveis. O cenário não inspira qualquer otimismo, tendo em vista que centenas de milhões de pessoas têm como única fonte de sobrevivência esses rios já poluídos ou inutilizados.

Um chinês pula de sua embarcação para a margem num rio espumante de poluição industrial; um homem lava roupa em águas completamente poluídas; um jovem bebe água contaminada, um exemplo da fonte de água de centenas de milhões de chineses… (Imagens da internet)

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