A China tem a segunda maior economia do mundo e uma das maiores bolsas de valores da atualidade. Os arranha-céus modernos pontilham o horizonte em Pequim, em Tianjin e em Shanghai. Todas as marcas de carros podem ser encontradas nas ruas, e os cidadãos chineses usam os últimos modelos de smartphones.
Então, a República Popular da China é, de fato, um estado capitalista moderno, que mantém-se comunista apenas na aparência?
Enquanto o Partido Comunista Chinês adotou alguns aspectos do capitalismo, a China continua a ser um país politicamente comunista: O Partido controla todas as terras e o “Alto-comando da Economia“. Ele mantém controles rígidos sobre a expressão dos indivíduos, o agrupamento de pessoas e as crenças. Ou seja, a estrutura política do regime chinês é a de uma ditadura leninista clássica.
A China não teria sido capaz de desfrutar de um crescimento de dois dígitos no PIB nos últimos anos se o Partido não tivesse seguido as diretrizes do líder comunista Deng Xiaoping em 1978, e se afastado do socialismo puro, adotando profundas reformas econômicas.
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Ao longo das décadas, o Partido lentamente abdicou do controle absoluto dos meios de produção, dando maior liberdade a empresários e empresas privadas. A liderança chinesa agora se refere a seus planos quinquenais como “diretrizes”, reconhecendo que o Partido não supervisiona mais uma economia de comando clássico.
Mas o Partido funciona de forma a ser visto como uma “economia de novo comando”.
Empresas estatais podem representar apenas 3 por cento de todas as empresas na China hoje, mas produzem cerca de 25 a 30 por cento da produção industrial total. O partido mantém o comando sobre a economia através de oficiais de alto nível do Partido ou membros da família que possuem ligações com diversas indústrias. Por exemplo, Jiang Mianheng, filho do ex-líder do Partido, Jiang Zemin, é conhecido como o “Rei das Telecomunicações” da China, devido aos seus interesses e o seu controle sobre o ramo.
Os números impressionantes do crescimento do PIB da China são conhecidos por serem extensamente manipulados. Li Keqiang, atual premier chinês, disse a um funcionário dos EUA em 2007 que os números oficiais não são confiáveis e que, em vez disso, ele atenta para o volume de cargas ferroviárias, o consumo de eletricidade e novos empréstimos desembolsados pelos bancos para melhor avaliar o crescimento econômico da China.
Muitos empresários chineses são membros do Partido Comunista, servindo o regime ou seu órgão consultivo político. Parte do motivo é uma política do Partido para cooptar elites empresariais chinesas; entretanto, os empresários terminam por serem atraídos de qualquer maneira, pois a adesão ao Partido garante vantagens para os negócios.
E, de acordo com os ensinamentos marxistas do manual, o Partido é o único verdadeiro proprietário da terra na China: o Partido aluga terras ao povo chinês.
A sociedade chinesa continua sendo fortemente controlada pelo Partido.
O Partido emprega mais de 2 milhões de policiais na Internet, no intuito de censurar a opinião pública; além disso também mantém um poderoso firewall na Internet para impedir que a Internet global penetre dentro das fronteiras da China. Oficiais de controle populacional forçam as mulheres chinesas, através de mandato estatal, a manterem o limite de crianças, e realizam abortos forçados e esterilizações contra mulheres que não se conformam a tais determinações.
Os dissidentes do regime, bem como as comunidades religiosas e os membros comuns da sociedade civil, vivem sob a ameaça constante de serem declarados inimigos políticos pelo Partido e, então, “convidados para o chá” – código para serem interrogados por agentes da segurança pública. Os dissidentes são abusados, torturados e, freqüentemente, levados para campos de trabalho forçado e centros de detenção.
O regime assegura uma taxa de condenação quase perfeita contra seus inimigos políticos nos tribunais que controla. Dissidentes proeminentes são destinados à prisão domiciliar no momento em que concluem suas extensas penas injustificadas em cárceres coletivos.
A Constituição chinesa afirma garantir a liberdade de crença, mas o Partido ignora suas próprias leis. Por exemplo, o ex-secretário-geral do Partido Comunista, Jiang Zemin, forçou a perseguição impopular da prática espiritual do Falun Gong, em 1999, e criou uma organização extralegal para assegurar que a lei do regime e o aparelho de segurança executassem a política de Jiang.
Politicamente, a China ainda é dirigida por um Partido leninista obcecado pelo controle.
O Partido Comunista Chinês é o único partido político que governa a China desde 1949. Outros partidos existem sob uma “frente unida”, mas não são independentes dos comunistas.
O líder do Partido ou o secretário–geral não comanda um gabinete, sendo, no entanto, parte de um departamento político, uma coleção de oficiais superiores que tomam todas as decisões superiores no país. Estes também são escolhidos a dedo por anciãos e elites do Partido, e não democraticamente eleitos.
Recentemente, os líderes da China podem ter trocado seus ternos cinza, de cinco botões, com gola de Mao em Mandarin, por ternos de negócios escuros. Mas enquanto o martelo e a foice permanecem no Grande Salão do Povo, o comunismo ainda não terá sido relegado a pó na história na China.
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