Se existe vida após a morte, não estaria a essência da imortalidade ligada à imortalidade ‘atômica’?
Falando de forma direta, o corpo humano morre a cada década. Cada célula se reproduz, desaparece, e é substituída com uma frequência específica, dependendo de que tipo e tecido for a célula (muscular, conjuntivo, órgão, nervo, etc.). No entanto, como as células que originalmente ocuparam nossa face, ossos ou sangue já se foram há horas, dias ou anos atrás, nosso corpo continuamente renovado mantém um arquivo da consciência.
Então onde reside a consciência? Ela é imune ao ciclo de vida e morte que o nosso corpo experimenta? O que é a vida? E o que determina a morte?
A resposta para estes tipos de questões são frequentemente encontradas em algum lugar na fronteira entre a ciência e a filosofia, pois a habilidade de determinar quando a vida começa, termina, e onde ela existe é uma questão de inquestionável relevância para a busca da comunidade científica na descoberta da existência de organismos vivos em futuras explorações espaciais. Pensar sobre essas questões pode inclusive melhor determinar o ponto exato da morte e ajudar a desenvolver métodos mais avançados de reanimação de organismos biológicos.
O átomo imortal
Segundo a biologia moderna, aprender – que consiste em uma variedade de estímulos do meio e o estabelecimento de ramificações dendríticas durante toda a vida do indivíduo – se desenvolve no que é conhecido como “armazenamento de informações do neurônio”.
Esse tipo de armazenamento é rápido, mas não é tão eficiente quando as informações genéticas. Uma bagagem de informação genética é instantaneamente passada geração após geração sem a necessidade de um tedioso aprendizado verbal.
Colocando de outra forma, os projetos do nosso corpo existem em nossas crianças através dos nossos genes. A cor do cabelo, a forma do corpo, a proteína plasmática, ou uma constituição particular é preservada pela bagagem de informação genética que é carregada através das múltiplas gerações.
E isso se refere a algum tipo de imortalidade? De forma alguma. Na combinação dos gametas que precedem a fecundação, uma grande porcentagem dos genes é perdida no processo da formação do zigoto. Traços são levados adiante, mas a individualidade acaba com a morte.
No entanto, alguns cientistas afirmam que a mente e o corpo tomam caminhos distintos após o ciclo da vida ser finalizado. De acordo com os doutores Rene Severijnen e Ger Bongaerts – pesquisadores da Universidade de Radboud, do centro médico de Nihmegen, na Holanda – a vida existe em diferentes níveis. Eles notam que enquanto as células morrem com relativa rapidez, os átomos são virtualmente imortais.
Segundo Bongaerts, a morte de um átomo significa a conversão de matéria em energia – a mesma coisa que acontece quando se detona uma bomba nuclear. Isso equivale dizer, que enquanto o corpo se decompõe no necrotério (a nível celular), o núcleo atômico não se desfaz. De outra forma, nós poderíamos dizer que após a morte, todo corpo tem o potencial explosivo de uma bomba nuclear.
Se a atividade atômica não termina com a morte, então o que acontece com esses átomos quando uma pessoa morre?
Examinando as crenças da antiga cultural Oriental, é dito que o ser humano possui múltiplos corpos que existem em diversas camadas. Tendo esse entendimento, nós podemos verificar que enquanto o corpo se decompõe no necrotério, a camada celular se desintegra (o corpo físico). Enquanto isso, os átomos relativamente minúsculos no interior das células, que existem em uma dimensão insensível a esse declínio, retém sua composição original.
Então, esses “corpos” feitos de partículas menores do que as células, que não experimentam a decomposição que nós observamos no necrotério, possivelmente sejam a alma, a mente ou a consciência pós-humana que supomos, mas que a ciência permanece incapaz de identificar.
A sua presença indica que mesmo após a morte do corpo, talvez a vida não tenha terminado. Como observa o Dr. Severijnen, a cessação do crescimento e da atividade metabólica no momento da morte do corpo é apenas um lado da moeda.
Vida curta
De acordo com alguns cientistas, os átomos lembram – cada movimento, cada sensação, cada pequena experiência. Embora a ideia de memória-atômica possa parecer um exagero, a descoberta de inteligência em um nível microscópico abriu a porta para novos debates sobre a origem da vida.
Por muitos anos, cientistas acreditaram que as células não tivessem individualidade; pensava-se que elas agissem em conjunto como as engrenagens de uma fábrica. No entanto, pesquisas recentes do Professor Brian Ford, biólogo e presidente da Sociedade de Cambridge em Pesquisa Aplicada, sugerem o contrário.
Seu trabalho revela que células individuais são, ao contrário, entidades completas com inteligência e capazes de se comunicar e trocar informações. Sob esse ponto, uma única célula é um organismo completo realmente capaz de tomar decisões.
Considere, então, que se a capacidade de armazenagem das células, nunca antes descritas pelos cientistas, for transmitida para as estruturas atômicas mais finas, como alguns sugerem, ela pode muito bem oferecer a chave para a imortalidade humana e a aparente ilusão refletida no estado de morte.