Muitos norte-americanos veem a emergência da China como segunda maior economia do mundo com trepidação. Os Estados Unidos, ao que parece, estão em declínio. A China é uma “potência emergente” destinada a assumir o papel dos Estados Unidos como potência hegemônica mundial em algum momento no futuro não muito distante.
Recentemente, no entanto, as perspectivas da China não parecem otimistas. O PIB no primeiro trimestre cresceu apenas 7,7%, abaixo dos 7,9% no quarto trimestre de 2012 também em queda. As exportações estão desacelerando e o crescimento do país, dependente de investimentos, é claramente insustentável. Pequim espera manter a economia nos trilhos com a transição para um novo “modelo de crescimento” baseado no consumo e ganhos de produtividade. No entanto, até agora, há pouca evidência que sugira o sucesso dessa estratégia. De fato, não há razão para acreditar que essa transição seja alcançável sob o atual sistema político-econômico do país.
Enquanto o gigante chinês começa a perder força, será que os norte-americanos poderiam respirar e suspirar aliviados coletivamente? Na verdade, não. Infelizmente, o declínio da China provavelmente será menos pacífico do que sua ascensão.
O crescimento mais lento representará um problema existencial para o Partido Comunista Chinês (PCC). Desde o fim da era maoísta em 1978, o desenvolvimento econômico tem sido a fonte primária de legitimidade do PCC. Uma desaceleração prolongada enfraquecerá sua permanência no poder, da mesma forma que a perda de colheitas nos tempos imperiais prejudicou a reivindicação do imperador sobre o “mandato do céu”. Se, no final das contas, a China não for se tornar a “No. 1”, alguma outra justificativa para a regime do PCC será necessária urgentemente.
A melhor aposta do PCC será jogar a cartada nacionalista, fazendo a defesa da pátria sua missão principal. Isso não será difícil. Na verdade, será fácil colocar a culpa do fracasso econômico da China nas maquinações de potências estrangeiras, como Mao Tsé-tung fez em seu famoso discurso proclamando a fundação da República Popular em 1949. O fato de a China ter “ficado para trás”, disse ele, era “inteiramente devido à opressão e exploração do imperialismo estrangeiro e dos governos reacionários domésticos”.
Também será fácil colocar a economia chinesa em pé de guerra. Instituições de planejamento central da China são bem adequadas para a mobilização de recursos para as indústrias de defesa. A escalada militar também ajudaria a aliviar os problemas do excesso de capacidade na indústria pesada. O excesso de capacidade total no setor do aço, por exemplo, já ultrapassa a capacidade total dos EUA. A fabricação de armas é suscetível de ser vista como uma boa maneira de colocar fábricas ociosas de volta em operação.
As implicações para os vizinhos da China já são evidentes na insistência cada vez mais belicosa de Pequim em reivindicar territórios disputados. Houve tensões crescentes com o Japão sobre as ilhas Senkaku, brigas no Mar do Sul da China envolvendo áreas reivindicadas pelo Vietnã e até mesmo uma incursão chinesa numa região do Himalaia indiano reivindicada por Pequim e Nova Déli.
Tais incidentes são frequentemente descritos como competição pelo controle dos recursos naturais, como o petróleo e o gás natural do Mar do Sul da China. No entanto, isso seria melhor entendido como consequência da agenda do PCC. E, como exercícios de relações públicas, eles têm sido extraordinariamente bem-sucedidos. Sentimentos chineses anti-Japão estão agora no auge, com muitos internautas chineses expressando apoio estridente por uma ação militar contra o Japão para recuperar os territórios perdidos, corrigir injustiças históricas e vingar humilhações passadas.
Formuladores de políticas dos EUA precisam entender que esse tipo de sentimento nacionalista será o trunfo na manga do PCC quando a economia vacilar. Portanto, pode-se esperar que Pequim preferirá manter as disputas internacionais sem solução. Seu objetivo é manter o público chinês distraído por possíveis ameaças externas para a segurança nacional e para o desenvolvimento econômico da China.
A China, e não os Estados Unidos, está fadada a ser uma “potência em declínio” pelo resto da década. Isso significa que a política preferencial de Washington de “engajamento” não funcionará. Pequim não será capaz de recuar nas disputas territoriais com seus vizinhos, pois isso enfraquecerá o PCC internamente. Eventos como o recente encontro entre o presidente Obama e o líder chinês Xi Jinping não melhorarão as relações EUA-China quando a sobrevivência do PCC depende de tensões crescentes.
Como o diálogo provavelmente será ineficaz, os EUA devem se concentrar em defender seus interesses estratégicos no Pacífico e continuar a fortalecer os laços com seus parceiros regionais, particularmente o Japão e Taiwan, que são susceptíveis de ser os principais alvos do aventureirismo militar chinês. Mais importante, os EUA devem evitar ajudar o PCC a sufocar demandas por reformas políticas na China entregando vitórias fáceis no exterior.
O Dr. Mark A. DeWeaver administra o ‘Quantrarian Asia Hedge’ e é autor de “Animal Spirits with Chinese Characteristics: Booms and Busts in the World’s Emerging Economic Giant”
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