A ambição de Bo Xilai para governar

22/02/2012 14:11 Atualizado: 14/12/2012 14:15
Bo Xilai, secretário do Partido Comunista Chinês em Chongqing em março de 2011 (Feng Li/Getty Images)

No Partido Comunista Chinês (PCC), os laços familiares contam. Bo Xilai não é apenas um “príncipe”, um descendente da geração fundadora do PCC. Seu pai, Bo Yibo, foi um dos “Oito Anciãos”, veteranos do PCC que tinham grande poder na década de 1980 e 1990. Talvez por causa de seu nascimento privilegiado, Bo Xilai tenha desenvolvido a percepção de que tinha o direito de governar.

Nascido em 1949, Bo Xilai fez parte da Guarda Vermelha e sua organização estudantil foi mobilizada diretamente por Mao Tsé-tung. Criticado por seu pai, Bo Xilai viu nisso uma chance de provar seu zelo revolucionário e espancou Bo Yibo, quebrando três de suas costelas.

Num livro de memórias escrito por Yang Guang [um sobrevivente da Revolução Cultural], Bo Yibo é citado dizendo, “Quando Jiang Qing [um membro da Gangue dos Quatro] acusou-me de ser um traidor, meu filho Bo Xilai me derrubou violentamente no chão.”

“Quando vi que ele não tinha medo de cortar seus laços com os familiares, eu sabia que ele era um bom material para a próxima geração da liderança do Partido.”

Em 1976, a morte de Mao marcou o fim da revolução. Em seguida, Bo Xilai voltou para a faculdade e concluiu seu mestrado em notícias internacionais em 1982. Como seu pai subiu ao poder novamente, o caminho de Bo Xilai para a política foi tranquilo. Em poucos anos após sua graduação, ele passou a ocupar cargos importantes nos comitês centrais da província de Liaoning e se tornou prefeito da cidade principal da província, Dalian, em 1993.

Em Dalian, Bo Xilai ganhou reputação de corrupto. O jornalista veterano Jiang Weiping publicou um artigo sobre Bo Xilai descrevendo-o como um visitante frequente de prostitutas envolvido constantemente com bebidas alcoólicas. Numa ocasião, citada por Jiang Weiping, os proprietários da cadeia de restaurante de alta classe Dalian Hub foram presos em 2001. Depois de saber que os proprietários estavam envolvidos num conflito pessoal com o marido de sua amante, Bo Xilai mandou prendê-los por crimes fiscais. Ele também remodelou prédios governamentais como escolas modelos para suas amantes. Depois que o artigo foi publicado, Jiang Weiping foi preso e condenado a oito anos de prisão.

Sabendo que o apoio do ex-líder chinês Jiang Zemin era vital para obter uma posição central na liderança, Bo Xilai seguiu zelosamente as ordens de Jiang Zemin na execução da perseguição ao Falun Gong. Em 2001, Bo Xilai foi nomeado governador da província de Liaoning.

Ele destinou 1 bilhão de yuanes (160 milhões de dólares) para reconstruir presídios e campos de trabalho. Uma área que Bo Xilai deu especial atenção é chamada “Campo de Trabalho de Masanjia”. Este campo de trabalho foi estendido até se tornar a primeira “cidade prisão” da China.

O local ficou conhecido como um inferno para os praticantes do Falun Gong. O Clearwisdom, um website do Falun Gong, publica frequentemente relatos de praticantes mantidos lá que são espancados e violentados com bastões elétricos. Numa ocasião, 18 mulheres praticantes do Falun Gong foram despidas e jogadas em celas com criminosos que as estupraram. Praticantes mulheres também sofreram o mesmo tratamento na Prisão Feminina de Liaoning e no Campo de Trabalho de Dalian, segundo o Clearwisdom.

O autor Ethan Gutmann descreveu a província de Liaoning como sendo o epicentro da colheita forçada de órgãos na China. Esta atrocidade foi descoberta em Sujiatun, um subúrbio da cidade de Shenyang, capital da província de Liaoning, onde Bo Xilai foi governador entre 2001-2004. Wang Lijun, o braço-direito de Bo Xilai em Chongqing, falou em público sobre milhares de operações de colheita de órgãos, as quais ele teria supervisionado quando era chefe da segurança pública na cidade de Jinzhou, em Liaoning.

Um informe do consulado dos EUA em Shanghai, divulgado pelo WikiLeaks, cita que o filósofo político liberal Gu Su da Universidade de Nanjing disse que o primeiro-ministro Wen Jiabao criticou Bo Xilai por ter sido processado em vários países devido a sua crueldade com os praticantes do Falun Gong.

A opinião de Wen Jiabao “encontrou solo fértil entre os oficiais que ainda tinham ressentimentos contra Bo Xilai devido ao tratamento recebido de sua família, principalmente de seu pai, durante a Revolução Cultural”, disse Gu Su, conforme citado no informe.

Em 2007, Bo Xilai, então ministro do Comércio, foi transferido por seus oponentes políticos para uma posição longe de Pequim, se tornando chefe do PCC na conturbada cidade-província de Chongqing, no Centro-oeste da China.

Em Chongqing, Bo Xilai revelou sua ambição por uma posição na liderança no PCC. Ele lançou uma campanha política, algo que sempre foi uma prerrogativa do chefe do PCC, nunca de um líder provincial.

Suas campanhas “cantando o vermelho e atacando o preto” envolviam, por um lado, cantar músicas comunistas no “estilo Mao”, tendo como objetivo inspirar o povo a ser fiel a Bo Xilai. Por outro lado, “atacar o preto” era uma campanha antimáfia que inicialmente foi bem recebida pelo povo de Chongqing, que sofria nas mãos das tríades. Mas entre os alvos da máfia, estavam empresários independentes, cujas fortunas foram expropriadas, e oficiais do PCC, que eram leais ao antigo governo.

A campanha carregava consigo a sensação de um culto à personalidade. Bo Xilai colocou uma faixa num edifício que dizia, “Secretário Bo Xilai, você trabalha duro”, uma referência óbvia ao “Presidente Mao, você trabalha duro”, um slogan popular nos dias de Mao.

Bo Xilai também mostrou ter desenvolvido fortes laços com os militares na região de Chongqing, organizando exercícios militares enquanto o líder chinês Hu Jintao estava no exterior em reuniões da APEC em novembro de 2011. As atitudes de Bo Xilai foram então interpretadas por observadores da China como uma sugestão de que ele poderia tentar um golpe a qualquer momento.

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