Uruguai trava negócio de R$ 675 milhões entre gigantes do agro brasileiro ligados à Família Real Saudita

Por Redação Epoch Times Brasil
31/10/2024 15:34 Atualizado: 31/10/2024 15:34

O órgão que regula o mercado uruguaio, Comisión de Promoción y Defensa de la Competencia (Coprodec), decidiu bloquear uma negociação que envolvia a aquisição de três unidades de abate de bovinos da Marfrig pela Minerva Foods, no valor de R$ 675 milhões.

Ambas as empresas são consideradas gigantes do agronegócio brasileiro e têm conexões com a Família Real da Arábia Saudita, que detém 30% das ações da Minerva, sendo a maior participação individual na companhia. A cota de quase um terço, inclusive, é maior do que a dos criadores do negócio.

Traduzido livremente como Comissão de Promoção e Defesa da Concorrência, o Coprodec equivale ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica do Brasil. O órgão uruguaio não aprovou a venda dos frigoríficos em três cidades do país vizinho: San José, Colônia e Salto.

A decisão foi comunicada pela Marfrig através de fato relevante, enviado pela Minerva à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que detalhou a manutenção do bloqueio após um recurso inicial. Confira na íntegra o documento.

Órgão afirma combater monopólio

A Coprodec argumentou se preocupar em relação à concentração de mercado que a compra poderia provocar, especialmente em um setor já competitivo. Com a aquisição proposta, a Minerva passaria a controlar sete unidades no Uruguai, aumentando sua capacidade de abate bovino para aproximadamente 45% do total do país.

Em 2022, as unidades envolvidas processaram mais de um milhão de cabeças de gado, correspondendo a cerca de 42,6% do abate total uruguaio.

Atualmente, a Minerva opera quatro unidades frigoríficas no Uruguai: Montevidéu, PUL, Canelones e Carrasco. A empresa já havia expandido sua capacidade recentemente com a compra do frigorífico Breeders and Packers Uruguay (BPU).

Negócio envolve Argentina e Chile

O acordo em questão envolve não apenas as unidades no Uruguai, mas também 11 no Brasil, uma na Argentina e outra de ovinos no Chile — e faz parte de um projeto maior que totaliza R$ 7,5 bilhões.

A negativa do Coprodec representa um obstáculo para o fechamento da operação, já que a aprovação do órgão é condição essencial estabelecida nos contratos entre Minerva e Marfrig.

A Marfrig, que também comunicou a decisão ao mercado, destacou que o valor da transação já foi depositado em conta garantia. Além disso, disse que o bloqueio é passível de recurso, tanto na esfera administrativa quanto judicial.

O processo de aprovação deste acordo passou por análise no Brasil, onde o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) aprovou a operação no final de setembro. No entanto, a situação no Uruguai apresenta problemas, já que Minerva e Marfrig buscam consolidar sua presença em várias regiões da América Latina.

Apesar da decisão da Coprodec, a Minerva enfatizou que a ação se restringe ao Uruguai e não afeta as aquisições das unidades da Marfrig nos outros países, que foram finalizadas na segunda-feira (28).

A Marfrig, por sua vez, se comprometeu a manter seus acionistas informados sobre qualquer novo desdobramento e a prestar esclarecimentos adicionais, conforme necessário.