Queda nos preços de commodities afeta Brasil, mostra relatório 

Soja e milho caem após altas em 2022, enquanto o Brasil se posiciona para suprir demanda global com biocombustíveis e exportações

Por Matheus de Andrade
17/09/2024 09:20 Atualizado: 17/09/2024 09:24

Os preços globais de commodities agrícolas devem continuar caindo, segundo relatório do Instituto de Pesquisa em Políticas Alimentares e Agrícolas (FAPRI-MU). Mesmo com os desafios, o Brasil pode ampliar sua participação no mercado global, impulsionado pela crescente demanda por biocombustíveis e sua posição estratégica nas exportações.

Entre as commodities, o trigo caiu de US$ 316 para US$ 231 por tonelada, enquanto o milho passou de US$ 287 para US$ 200.

As altas de 2022 foram causadas pela pandemia, eventos climáticos e a guerra na Ucrânia. A oferta robusta e o crescimento econômico global moderado, previsto em 2,7% para 2024, pressionaram os preços para baixo.

O mercado de biocombustíveis, em particular o biodiesel, deve crescer até 2029, com a produção global subindo de 58,1 bilhões de litros em 2022 para 74,2 bilhões em 2029. O RenovaBio impulsiona esse crescimento dentro do Brasil. Já o etanol deve continuar caindo em 2024, seguindo a baixa dos combustíveis fósseis.

Brasil no cenário global

O Brasil, grande exportador de soja, milho e carnes, será impactado pelas oscilações nos preços. O país deve aumentar sua participação no mercado, com a área de soja projetada para crescer 7%, de 44,6 milhões para 47,8 milhões de hectares até 2029/30.

A previsão é que o Brasil continuará sendo o maior exportador de soja até 2029, com aumento na produção e na demanda por biocombustíveis. Programas como o RenovaBio garantem a competitividade, mesmo com preços mais baixos.

O mercado de milho também crescerá, com o Brasil se consolidando como o segundo maior exportador, impulsionado pela demanda por biocombustíveis e rações.

Impacto da guerra na Ucrânia

O conflito na Ucrânia impactou fortemente o mercado de commodities, especialmente grãos e oleaginosas. Em 2024, as exportações ucranianas de milho e trigo devem cair 19% e 24%, com a área plantada 21% menor que no período pré-guerra. A recuperação dependerá de fatores políticos e econômicos.

Esse cenário favorece exportadores como o Brasil, que pode ocupar o espaço deixado por Ucrânia e Rússia no mercado. A produção de grãos e oleaginosas no Brasil, junto à recuperação dos mercados de energia, coloca o país em posição estratégica para atender essa demanda.

Apesar das oportunidades internacionais, o Brasil enfrenta desafios com a volatilidade dos preços devido a moeda fraca. O relatório prevê que, até 2029, os preços globais permanecerão estáveis, mas voláteis, devido a eventos climáticos e incertezas econômicas.