A produção mundial de alimentos terá que aumentar 70% nos próximos 30 anos para atender a toda a demanda, segundo cálculos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) apresentados nesta quinta-feira em São Paulo.
O Brasil, um dos maiores exportadores mundiais de alimentos, espera contribuir com “40% desse esforço global” para aumentar a produção nas próximas décadas, de acordo com o diretor-executivo de Pesquisa e Inovação da Embrapa, Clenio Pillon.
Em participação no I Fórum Latino-Americano de Economia Verde, organizado pela agência de notícias EFE, Pillon enfatizou que o Brasil passou por uma “grande revolução” no campo na última metade do século, consolidando seu papel como líder no fornecimento de alimentos.
“Na década de 1970, o Brasil produzia meia tonelada de cereais por habitante por ano. Hoje são 215 milhões de habitantes e temos 1,5 tonelada de cereais por habitante por ano”, afirmou.
Ele reconheceu que, durante esse período, as fronteiras agrícolas foram ampliadas “com muita ineficácia”, por meio da ocupação e do desmatamento de novas áreas, mas frisou que agora o país tem o conhecimento e as ferramentas para uma atividade agrícola mais sustentável.
Nesse cenário, Pillon considera que é necessário produzir alimentos de forma mais eficiente, descarbonizando o setor, o representa “um desafio imenso que exigirá mais soluções tecnológicas do que temos hoje”. Ainda de acordo com ele, soma-se a isso a falta de acesso a essas soluções para os agricultores familiares.
Para promover a agricultura familiar sustentável, o líder do Programa de Desenvolvimento Sustentável para o Brasil do Banco Mundial, Eli Weiss, disse no fórum que aposta na “consolidação” do apoio público a esse ramo do setor, que tem sido atingido por vários fatores.
Ele citou eventos climáticos cada vez mais extremos, a alta inflação doméstica dos preços dos alimentos e das matérias-primas e os altos custos dos insumos agrícolas, que reduzem as margens de lucro dos produtores e prejudicam as colheitas.
De acordo com Weiss, para quebrar esse ciclo é essencial selar alianças produtivas público-privadas que tenham como ponto central “construir sistemas alimentares verdes, resilientes e inclusivos”.
O I Fórum Latino-Americano de Economia Verde foi realizado nesta quinta-feira no Teatro Vivo, em São Paulo, e teve patrocínio de ApexBrasil e AkzoNobel, com o apoio da Câmara Oficial Espanhola de Comércio no Brasil e da Iberia.
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