Produção de grãos registrou queda de 6,7% na safra de 2023/24 

Condições climáticas desfavoráveis impactam principais culturas, com destaque para a queda na produção de milho e soja

Por Matheus de Andrade
12/09/2024 12:08 Atualizado: 12/09/2024 13:54

A safra 2023/24 de grãos no Brasil registrou queda de 6,7% na produção, apesar do aumento de 1,6% na área plantada, somando 298,41 milhões de toneladas. A redução de 21,4 milhões de toneladas em relação à safra anterior foi causada pela demora nas chuvas no início do plantio e pela baixa precipitação durante parte do ciclo, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Segundo o levantamento, o aumento na área plantada foi impulsionado principalmente pela expansão das lavouras de soja, que cresceram 1,95 milhão de hectares em relação à safra 2022/23. O algodão, o feijão e o arroz também contribuíram para essa expansão.

No entanto, o milho, principal cultura na produção total, teve retração de 1,21 milhão de hectares, especialmente nas segunda e terceira safras, devido às condições climáticas adversas.

Impacto climático

Os problemas com as chuvas atrasaram a semeadura da soja nas regiões Centro-Oeste, Matopiba, São Paulo e Paraná. Além disso, a seca prolongada prejudicou o desenvolvimento do milho e do feijão durante o ciclo produtivo.

O milho, dividido em três safras, foi a cultura mais afetada pela redução na área plantada e na produtividade. A primeira safra teve uma queda de 10,7% na área plantada, enquanto a segunda, a principal em volume, diminuiu 4,4%. No total, a produção de milho caiu 12,3%, somando 115,72 milhões de toneladas, ante 131,89 milhões de toneladas na safra 2022/23.

O trigo, apesar do aumento de 8,8% na produção, totalizando 8,8 milhões de toneladas, sofreu com geadas e secas no Sul do país.

A soja foi a principal responsável pelo aumento da área plantada no Brasil, com alta de 4,4%, ocupando 46 milhões de hectares na safra 2023/24. No entanto, a produtividade caiu 8,7%, resultando em uma produção de 147,38 milhões de toneladas, 4,7% abaixo da safra anterior. Esse desempenho foi prejudicado por veranicos e altas temperaturas, especialmente nas regiões Centro-Oeste e Sudeste.

O arroz, com aumento de 8,6% na área plantada, totalizando 1,6 milhão de hectares, teve queda de 2,8% na produtividade, resultando em 10,58 milhões de toneladas, devido a condições meteorológicas desfavoráveis, especialmente nas áreas irrigadas do Rio Grande do Sul e Mato Grosso.

Perspectivas

O levantamento da Conab alerta para a possibilidade de que as condições climáticas continuem a influenciar a safra brasileira. Com a previsão de um possível retorno do fenômeno La Niña nos próximos meses, que costuma trazer secas prolongadas para o Brasil Central e chuvas acima da média para a região Sul, as expectativas para a safra 2024/25 ainda são incertas.