Apesar de um aumento na área cultivada, a produção agrícola brasileira enfrentou uma queda significativa em 2024. O contraste entre a expansão territorial e a redução da produtividade ocorre devido a condições climáticas adversas e pressões do mercado internacional, que marcaram um ano difícil para o setor.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou, na quinta-feira (12), os resultados do levantamento sistemático da produção agrícola referente a novembro de 2024. Os dados apontam uma queda de 6,7% na safra nacional de cereais, leguminosas e oleaginosas em comparação a 2023.
A produção total foi estimada em 294,3 milhões de toneladas, o que representa 21,1 milhões de toneladas a menos que no ano anterior. Em contrapartida, a área colhida cresceu 1,6%, totalizando 79,1 milhões de hectares.
A soja, principal produto do setor, teve sua produção reduzida em 4,7%, alcançando 144,9 milhões de toneladas. Já o milho apresentou uma queda mais acentuada, de 11,9%, com 115,5 milhões de toneladas colhidas. O arroz, por sua vez, cresceu 3,1% em relação ao ano passado, atingindo 10,6 milhões de toneladas.
O trigo foi destaque entre os produtos que registraram alta, com crescimento de 5% na produção. O algodão herbáceo também teve desempenho positivo, registrando alta de 14,8%. Por outro lado, o sorgo registrou queda de 5,8% no período analisado.
Desempenho regional
As regiões brasileiras tiveram comportamentos distintos em relação à produção agrícola. A Região Norte foi a única a apresentar crescimento anual, com alta de 10,1%.
A Região Centro-Oeste, responsável por quase metade da produção nacional, registrou queda de 10%. No Sudeste, a retração foi ainda mais expressiva, de 15,7%. O Nordeste apresentou redução de 4%, enquanto o Sul teve uma leve queda de 1%.
Entre os estados, o Mato Grosso se manteve como o maior produtor de grãos, com 31,2% da safra nacional. Paraná (12,7%) e Rio Grande do Sul (12,0%) completam o pódio, consolidando suas posições de destaque.
Clima e mercado
O clima foi o principal fator para os resultados negativos de 2024. Em algumas regiões, o excesso de chuvas prejudicou culturas como o trigo e a soja. Já em outras áreas, a escassez hídrica comprometeu a produtividade.
No mercado internacional, o milho enfrenta pressão de preços devido ao aumento da oferta global. Essa situação tem levado produtores brasileiros a buscarem alternativas mais rentáveis, como o cultivo de algodão.
Prognósticos para 2025
O IBGE também divulgou o 2º prognóstico da safra de 2025. As estimativas preliminares indicam uma recuperação na produção agrícola nacional, com potencial de crescimento em culturas como o arroz e o trigo.
Investimentos em tecnologia e expansão de áreas cultivadas são fatores que podem impulsionar os resultados no próximo ano. A diversificação de culturas também deve ganhar força, sobretudo em estados que enfrentaram maior impacto climático.