O preço da soja no mercado brasileiro encerrou o mês de setembro com uma valorização considerável. O indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) registrou um aumento de 3,14%, alcançando R$ 139,02 por saca de 60 quilos. No início do mês, o preço estava em torno de R$ 124 a saca.
De acordo com os pesquisadores do Cepea, a alta nos preços é atribuída a dois fatores principais. O primeiro é o aumento da demanda, especialmente por parte das indústrias que processam a oleaginosa. O segundo fator é a hesitação dos produtores em vender a safra antiga e em comprometer a nova safra, que já está sendo plantada.
“Produtores estão atentos às chuvas irregulares no Brasil e a incertezas quanto ao cultivo da nova temporada”, afirma o Cepea, em comunicado.
Além disso, o preço da soja com base no Porto de Paranaguá também subiu, atingindo R$ 141,16 a saca, um aumento de 2,19% durante o mês. Entretanto, o plantio da nova safra está atrasado em relação à temporada anterior.
Levantamentos de consultorias agrícolas indicam que apenas 2% da área destinada à soja foi semeada até a última semana, comparado a 5,2% no mesmo período de 2023. A consultoria Pátria Agronegócios confirmou essa tendência, reportando que 2,36% da área já foi plantada – bem abaixo dos 4,64% do ano passado.
A falta de chuvas regulares na maior parte da região central do Brasil tem dificultado o avanço do plantio, com o Paraná sendo a exceção, onde a umidade do solo é mais favorável. O diretor da consultoria AgRural, Matheus Pereira, destacou que a situação das chuvas tem impactado diretamente o calendário de plantio.
Nos mercados regionais, a Scot Consultoria revelou que os preços da soja variam, com os seguintes valores:
Luís Eduardo Magalhães (BA) a R$ 129
Rio Verde (GO) a R$ 135
Dourados (MS) a R$ 136
Já nos portos, a soja foi cotada a:
R$ 141 em Santos (SP)
R$ 142 em Rio Grande (RS)
Impulso vindo de fora
O mercado internacional também influenciou a valorização, especialmente na bolsa de Chicago, que viu uma alta acumulada de 4,83% durante setembro, com a cotação média em US$ 10,31 por bushel — unidade de capacidade utilizada em países anglo-saxões para a soja.
Contudo, a sessão do dia 30 de setembro apresentou uma leve queda nos preços, com o contrato de novembro caindo 0,68% para US$ 10,58 por bushel.
Com a colheita da safra americana em avanço rápido, ao alcançar 26%, os operadores do mercado estão atentos às pressões que isso pode gerar sobre os preços.
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) informou que 64% das lavouras americanas são avaliadas como boas ou excelentes, o que também influencia as expectativas do mercado.