O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou na quarta-feira (14) a presença da praga quarentenária Ceratobasidium theobromae (anteriormente Rhizoctonia theobromae) em lavouras de mandioca no Amapá. Essa é a primeira vez que a praga, conhecida como “vassoura de bruxa” da mandioca, é detectada no Brasil, representando uma séria ameaça à produção agrícola.
A praga foi identificada por técnicos da Embrapa Amapá em plantações nas terras indígenas de Oiapoque, na fronteira com a Guiana Francesa. A situação evoluiu rapidamente, e a presença do fungo foi confirmada nos municípios de Calçoene e Amapá, ao sul de Oiapoque.
A “vassoura de bruxa” da mandioca causa sérios prejuízos às plantas. Os sintomas incluem ressecamento e deformação dos ramos, nanismo, brotos fracos e finos, clorose, murcha, seca das folhas, além de morte das plantas. Essas condições comprometem gravemente a produtividade das lavouras, gerando preocupações entre produtores e especialistas.
A praga pode se espalhar por material vegetal infectado, ferramentas contaminadas e movimentação de solo e água. Segundo a Embrapa, o trânsito de plantas e produtos agrícolas entre regiões facilita a dispersão do patógeno, aumentando o risco de contaminação em novas áreas.
Com a confirmação oficial pelo Laboratório Federal de Defesa Agropecuária de Goiânia, o Mapa mobilizou rapidamente equipes ao Amapá, onde se reuniram com autoridades locais e especialistas da Embrapa. O objetivo é desenvolver e implementar medidas de controle fitossanitário para evitar a propagação da praga e maiores danos à produção de mandioca, importante cultura econômica e social no Brasil.
O Brasil já enfrentou desafios semelhantes com outras pragas fitossanitárias que ameaçaram culturas agrícolas. Um exemplo é a ferrugem asiática da soja (Phakopsora pachyrhizi), detectada em 2001. A rápida resposta, incluindo a implementação de um calendário de vazio sanitário, uso de fungicidas e monitoramento, é crucial para mitigar os impactos.
Outro caso relevante é o greening dos citros (Huanglongbing – HLB), identificado no Brasil em 2004. Esta doença é manejada com um rigoroso programa de erradicação de plantas infectadas, controle do vetor transmissor, e desenvolvimento de técnicas de diagnóstico precoce, que reduzem significativamente o impacto na citricultura.
De forma semelhante, diante da presença da mosca-da-carambola (Bactrocera carambolae) no Norte do país em 1996, o Brasil adotou barreiras fitossanitárias, controle biológico e campanhas de conscientização para evitar a disseminação da praga para outras regiões.