Possibilidade de guerra na Bielorrússia representa risco ao agronegócio brasileiro

Por Redação Epoch Times Brasil
27/09/2024 23:55 Atualizado: 27/09/2024 23:55

As recentes declarações feitas pelo líder do regime bielorrusso, Alexander Lukashenko, sobre a necessidade de o país se preparar para uma possível guerra, trouxe preocupações para o agronegócio brasileiro.

A tensão nas fronteiras com a Ucrânia se arrasta há meses. Isso tem gerado um clima de incerteza que afeta o mercado de fertilizantes, essenciais para a produção agrícola.

Na sexta-feira (27), foi apresentada a nova doutrina nuclear russa, segundo a qual Moscou recorrerá a armas nucleares se a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) atacar o território bielorrusso. A respeito disso, Lukashenko foi enfático.

“Assim que eles nos atacarem, ou seja, a OTAN, os americanos e os poloneses, usaremos armas nucleares. E a Rússia virá em nosso auxílio. Dizemos com toda a franqueza que a linha vermelha é a fronteira. Se pisarem nela, a resposta será instantânea. Nós nos preparamos para isso”, disse Lukashenko num fórum de estudantes, segundo a agência Belta.

No poder desde 1994, Lukashenko é o principal parceiro de Vladimir Putin na região e reconheceu que, se a Rússia usar armas nucleares, a OTAN poderá responder da mesma forma. Além disso, destacou que uma agressão contra a Bielorrússia significaria a Terceira Guerra Mundial, alegando que a nova doutrina de Moscou confirma este fato.

“É por isso que a Rússia usará todo o seu arsenal. E isso já significaria uma guerra mundial. E o Ocidente não quer isso. Eles não estão prontos para isso”, afirmou o bielorrusso.

A Bielorrússia se destaca como a quarta maior origem de cloreto de potássio (KCL) para o Brasil, fornecendo mais de 1 milhão de toneladas do fertilizante em 2023. Como o Brasil depende quase totalmente da importação de potássio para suas lavouras, qualquer desestabilização na região pode ter repercussões diretas no setor agropecuário.

No momento, o mercado agro está focado nas negociações de fertilizantes para a safra de inverno, que começará a ser semeada em janeiro nas regiões Centro-Sul do Brasil. Contudo, atrasos nas compras já são observados. Isso levanta preocupações sobre a formação de preços, caso a situação na Bielorrússia se agrave.

Gabriel Gimeno, diretor comercial da Mosaic Fertilizantes, empresa com 15% de participação no mercado brasileiro de adubos, alerta que um agravamento geopolítico tende a impactar os preços, dificultando a previsibilidade para os agricultores.

Apesar do cenário alarmante, a consultoria StoneX aponta que a participação da Bielorrússia nas importações brasileiras de potássio tem diminuído nos últimos anos. Ou seja, caso os preços do KCL bielorusso subam, o Brasil poderá estar menos vulnerável do que no passado, pois contará com outras origens disponíveis.

Além disso, a Agrinvest Commodities ressalta que a oferta de KCL no país é a maior dos últimos anos, sugerindo que, num primeiro momento, o impacto da possível crise pode ser diminuído.