Na alma das plantas: como a ressonância magnética está sendo usada para entender o metabolismo vegetal

Pesquisadores brasileiros criam método que utiliza ressonância magnética nuclear para analisar respostas metabólicas das plantas frente a secas e inundações.

Por Matheus de Andrade
08/10/2024 13:22 Atualizado: 08/10/2024 13:22

Pesquisadores brasileiros elaboraram um protocolo que utiliza a Ressonância Magnética Nuclear (RMN) para estudar o metabolismo de plantas. A técnica, conhecida por suas aplicações na medicina, agora é usada na metabolômica vegetal para entender como as plantas reagem a diferentes tipos de estresse como secas ou inundações.

A metabolômica é a ciência que investiga os perfis metabólicos dos organismos, e no caso das plantas, ela é crucial para identificar como elas se adaptam às condições ambientais onde estão.

A RMN é vantajosa por ser não destrutiva, permitindo analisar amostras sem danificá-las e identificando metabólitos simultaneamente. Sua rapidez e precisão são essenciais para o estudo da diversidade química das plantas.

O protocolo foi desenvolvido por várias instituições brasileiras, incluindo a Embrapa Instrumentação, a FMVZ-USP, o IAC e o IQSC-USP. Ele visa orientar pesquisadores sobre as melhores práticas no uso da RMN na metabolômica de plantas, abordando todas as etapas, desde o planejamento do estudo até a análise de dados, com o objetivo de garantir a obtenção de resultados consistentes e de alta qualidade.

A ressonância magnética se destaca entre outras técnicas por sua capacidade de fornecer informações detalhadas sobre a estrutura química dos compostos presentes nas plantas. Com o uso da RMN, é possível investigar como o metabolismo de uma planta muda ao longo do tempo ou em resposta a condições ambientais adversas.

O protocolo discute avanços na RMN, que ficou mais precisa e acessível graças a melhorias tecnológicas recentes. Também lista bancos de dados que facilitam a identificação de metabólitos, agilizando a investigação científica em amostras complexas, como as de plantas.

Fluxo de trabalho para metabolômica de plantas mostrando todas as etapas necessárias para obter resultados significativos (Fonte: DOI 10.3389/fntpr.2024.1414506)

Segundo a Embrapa, a técnica já foi aplicada em diversos estudos, incluindo a análise de plantas medicinais como a pata-de-vaca, conhecida por suas propriedades no tratamento da diabetes. No estudo, observou-se que a planta sofreu impactos metabólicos negativos após ser submetida a estresse hídrico, com irrigação reduzida.

O aumento no número de publicações científicas sobre metabolômica vegetal reflete a crescente importância desse campo de estudo. Em 2014, eram cerca de 177 publicações por ano, e em 2023, o número subiu para 610.