Modernização do agronegócio impulsiona recorde de 28,6 milhões de empregos no Brasil

Avanços em agrosserviços e agroindústria equilibram perdas na agropecuária, enquanto modernização e mecanização redefinem o perfil da mão de obra.

Por Matheus de Andrade
04/10/2024 12:02 Atualizado: 04/10/2024 12:02

No segundo trimestre de 2024, o agronegócio brasileiro empregou 28,6 milhões de pessoas, representando 26,5% das ocupações no país. O crescimento foi impulsionado pela expansão dos agrosserviços e agroindústrias, compensando parcialmente as perdas na agropecuária.

Segundo boletim divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), o número de trabalhadores no agronegócio subiu 2,3% em relação ao mesmo período de 2023, com 643 mil novos empregos.

O setor de agrosserviços foi o principal responsável, com aumento de 8,3% e a adição de 815 mil postos de trabalho.

A agroindústria também cresceu, com destaque para as indústrias de abate de animais, açúcar e óleos, que adicionaram cerca de 179 mil empregos. Esse avanço aqueceu o mercado de serviços, ampliando ainda mais as ocupações.

Por outro lado, a agropecuária teve uma retração de 4,1%, com a perda de 343 mil empregos, afetando principalmente as culturas de cereais, soja, cacau e fumo. A pecuária também sofreu, com quedas nas criações de bovinos, suínos e aves.

Apesar dessas variações, o total de empregos no agronegócio ficou estável em relação ao primeiro trimestre de 2024, com um leve aumento de 0,1% (40,1 mil postos). O crescimento reflete fatores sazonais e a modernização das operações no campo.

De acordo com a CNA e o Cepea, o processo de modernização e mecanização do agro não tem gerado desemprego. “Com isso, muitos trabalhadores migram para outros segmentos do agronegócio, como o processamento e os serviços, ao mesmo tempo que a demanda por trabalho no campo diminui”, explica o relatório.

Quanto ao perfil da mão de obra, houve aumento na participação feminina e no nível educacional, com mais trabalhadores com ensino médio e superior. A formalização também avançou, com mais empregados com e sem carteira assinada.

Os rendimentos médios dos trabalhadores do setor apresentaram variação. Houve uma leve queda de 0,3% em relação ao primeiro trimestre de 2024, mas um aumento de 4,8% na comparação anual. Entre os empregadores, os rendimentos subiram 2,6%, enquanto os trabalhadores por conta própria tiveram crescimento de 3,5%.

A agroindústria foi a principal responsável pelo aumento de empregos, com crescimento de 1,9% em relação ao trimestre anterior. Indústrias de abate de animais, açúcar, vestuário e moagem de alimentos impulsionaram esse avanço.