No ano passado escrevi um artigo aqui no IL falando sobre como o agronegócio é o futuro do Brasil. Apontei que produtos não industrializados podem vir a ser tão valiosos quanto os industrializados, a se verificar se a utilidade e escassez do produto é maior no caso. Afirmei ainda que a atividade primária possui sim muito valor agregado e tecnologia envolvida. Por fim, escrevi que o Brasil não foca seus esforços no setor agropecuário, mas poderia, já que o setor, embora atacado pelo “custo Brasil”, conseguiu corresponder a quase um terço do PIB nacional.
A importância do agronegócio é corroborada pelos gráficos abaixo:
De acordo com o Ministério da Agricultura, a balança comercial do agronegócio teve um superávit crescente nos últimos 20 anos, culminando com o resultado positivo de R$82,4 bilhões, sempre em exportação também crescente, salvo em casos raros de grande crise mundial.
Já a balança do setor industrial, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, mostra um déficit de mais de 54 bilhões de reais, e uma exportação estagnada nos últimos três anos.
Na prática, o desempenho do agronegócio tem suportado o aumento da importação de bens industrializados em virtude da desindustrialização brasileira e da falta de aumento de produtividade sem que houvesse evasão de recursos internacionais.
Essa posição heroíca da agroindústria parecia posta em perigo após a última pesquisa presidencial feita pelo Ibope, que mostrava a candidata Marina Silva como a vencedora do pleito se fosse hoje (segunda colocada no primeiro turno e vencedora no segundo). A candidata é, historicamente, uma vilã do setor, sempre buscando uma maior intervenção, principalmente através de legislações ambientais. A legislação ambiental brasileira, mesmo depois da reforma do Código Florestal, continua como uma das mais interventoras do mundo, e totalmente avessa aos negócios urbanos e, principalmente, rurais.
A candidata estará participando de reuniões com os principais representantes do setor, de acordo com o jornais do país, tendo em vista que sem o apoio econômico do agronegócio, não há país.
Como em todo processo político, haverá uma tentativa de composição, e espera-se que, caso eleita, como é a grande probabilidade hoje, a candidata não destrua o setor. Só a existência da conversa já é uma atitude positiva, mas não se deve confiar de maneira ampla e irrestrita nesse caso. Cautela é fundamental, e a defesa da liberdade econômica deve ser inegociável.
Bernardo Santoro é advogado, Professor de Economia Política das Faculdades de Direito da UERJ e da UFRJ, Mestre em Teoria e Filosofia do Direito (UERJ) e Diretor Executivo do Instituto Liberal
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