A JBS, uma das maiores processadoras de carne do mundo, anunciou a suspensão do fornecimento de carne para o Carrefour no Brasil. A medida é uma resposta à decisão do Carrefour na França de interromper a comercialização de carnes provenientes de países do Mercosul, incluindo o Brasil.
A decisão do Carrefour foi anunciada devido aos protestos franceses contra o acordo UE-Mercosul e afeta principalmente as carnes bovinas e de outros animais provenientes dos países do bloco sul-americano.
De acordo com o Carrefour, a medida foi tomada em função de preocupações com segurança alimentar e padrões de sustentabilidade das carnes do Mercosul. O Carrefour afirmou que a decisão tem o objetivo de proteger a produção interna francesa e atender às demandas dos consumidores locais.
A decisão causou repercussão no Brasil, sendo amplamente criticada por entidades do agronegócio.
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC) se manifestou, destacando que a produção de carne no Brasil segue padrões internacionais de qualidade, destacando que o Brasil é um dos maiores exportadores de carne do mundo e atende a mercados exigentes como a União Europeia, Estados Unidos e Japão.
Além disso, a associação afirmou que a medida do Carrefour é incoerente, uma vez que a rede possui ampla operação no Brasil. O Carrefour possui cerca de 1.200 lojas no país, que são abastecidas em grande parte por carnes produzidas localmente.
O setor agropecuário brasileiro criticou a decisão, classificando-a como protecionista e prejudicial ao comércio entre os dois blocos econômicos.
Representantes do governo brasileiro também se posicionaram contra a decisão do Carrefour na França.
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que a medida afeta negativamente a relação comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Fávaro destacou que o Brasil tem feito esforços para garantir a qualidade e a segurança alimentar de seus produtos.
A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) também se manifestou sobre o caso. O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion, sugeriu que os produtores brasileiros interrompam o fornecimento de carne ao Carrefour no Brasil.
Lupion afirmou que se a carne brasileira não é considerada adequada para as lojas na França, não deveria ser comercializada pelo Carrefour no Brasil.
O governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, também se pronunciou sobre o assunto. Mendes sugeriu que os consumidores brasileiros boicotem o Carrefour. Ele afirmou que o Brasil não deve aceitar atitudes discriminatórias de empresas que dependem do mercado nacional.
Além das autoridades, entidades representativas do setor também emitiram manifestações formais.
Um grupo de 42 entidades representativas da cadeia produtiva brasileira enviou uma carta aberta criticando a decisão do Carrefour.
A carta destacou que o Brasil é líder mundial na exportação de carne bovina e de frango. O documento ressalta que o país atende a mais de 160 países com padrões rigorosos de qualidade e segurança alimentar.
As entidades afirmaram que a produção brasileira segue boas práticas e normas internacionais de sustentabilidade. Elas também ressaltaram os avanços do setor pecuário brasileiro nos últimos anos.
Nos últimos 30 anos, o setor aumentou a produtividade em 172%, ao mesmo tempo em que reduziu a área de pastagem em 16%.
O documento foi enviado ao Carrefour, solicitando reconsideração sobre a medida tomada na França.
Até o momento, o Carrefour ainda não se pronunciou oficialmente sobre a reação do governo e das entidades brasileiras.
A suspensão do fornecimento de carne pela JBS segue em vigor no Brasil. O Carrefour no Brasil tem continuado a operar, mas a decisão da JBS pode afetar o abastecimento de algumas unidades.
A JBS afirmou que a suspensão será mantida até que a empresa revise sua posição em relação ao Mercosul.
O Carrefour Brasil ainda não informou como pretende lidar com a suspensão do fornecimento pela JBS.