O governo federal decidiu cancelar os leilões para a importação de arroz, uma medida que havia sido considerada, de acordo com o governo, para controlar a alta dos preços do produto no mercado interno. Segundo o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, a decisão de cancelar os leilões foi baseada na normalização da oferta de arroz no mercado brasileiro.
“Tivemos problemas, é fato, nós cancelamos esses leilões. Mas o fato real é que, com a sinalização de disponibilidade do governo de comprar arroz importado e abastecer o mercado brasileiro, além da volta da normalidade em estradas, os preços do arroz já cederam e voltamos aos preços normais”, disse Fávaro à GloboNews.
Além disso, o ministro mencionou que o governo continuará monitorando o mercado para evitar especulações e garantir a estabilidade dos preços.
Governo justifica os leilões
Os leilões de arroz foram inicialmente justificados pelo governo como uma resposta à uma suposta alta nos preços do cereal, que gerou preocupação entre os consumidores e o governo.
A importação era vista como uma forma de aumentar a oferta interna e reduzir os preços, evitando a inflação dos alimentos. O governo argumentou que essa medida era necessária para garantir que a população tivesse acesso a alimentos a preços acessíveis.
Oposição critica os leilões
A oposição criticou os leilões, acusando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de interferir no mercado de forma indevida.
Parlamentares da oposição argumentaram que os leilões poderiam prejudicar os produtores nacionais de arroz, desestimulando a produção local e quebrando produtores que perderam lavouras e casas nas enchentes no Rio Grande do Sul.
Além disso, levantaram questões sobre a transparência e a execução dessas importações, sugerindo que poderiam haver outros interesses por trás da decisão.
Escândalos do “Arrozão”
O cancelamento dos leilões ocorre em meio ao escândalo conhecido como “Arrozão”, que envolve alegações de fraudes no leilão de arroz ocorrido no dia 6 de junho e que foram cancelados.
Investigações revelaram que uma locadora de carros, que venceu um leilão de arroz, também havia vendido milhares de toneladas de milho para a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) enquanto uma mercearia no Amapá que vendia queijos teve sua declaração de recursos aumentada em última hora e foi a maior compradora do leilão.
CPI estagnada com 159 assinaturas
Em resposta às suspeitas de fraude, o deputado tenente-coronel Zucco (PL-RS) iniciou um movimento para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o “Arrozão”.
Até o momento, a CPI conta com 159 assinaturas. São necessárias 171 assinaturas para a instauração oficial da comissão. O objetivo da investigação é esclarecer as irregularidades nos leilões e responsabilizar os envolvidos em possíveis esquemas fraudulentos.