Cooperativas e empresas de algumas das principais regiões agrícolas do país estão paralisadas, segundo produtores e outros profissionais ligados ao setor ouvidos pelo Epoch Times na quinta-feira (24). Não há posicionamento oficial das entidades, ou consenso sobre o motivo da medida.
No dia 12 de novembro, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou o bloqueio de contas bancárias de 43 pessoas e empresas, a maioria delas ligada aos setores agrícola e de transporte por, financiar o que Moraes considerou “atos antidemocráticos”. Cogita-se este como um fator, mas produtores contatados pelo Epoch Times se recusaram a citar o magistrado nominalmente. Apesar de não tomarem posição clara sobre as manifestações políticas iniciadas após a disputa presidencial, alguns dos contactados as citaram como justificadas por “falta de transparência nas eleições”, “ativismo judicial”, “cerceamento da liberdade de expressão” e “arbitrariedades”.
No Centro-Oeste do Paraná, ao menos duas grandes cooperativas da região, Coamo e C-vale, não disponibilizaram “preço de balcão” para soja, milho e trigo em meados da semana passada. Um produtor, fonte próxima às empresa, confirmou o fato e citou problemas em precificar e escoar os produtos. Nesta segunda-feira (28) a Coamo permanece sem preço de balcão para o trigo.
Ainda de acordo com o mesmo entrevistado, a expectativa é que haja impacto para pecuaristas locais. Dificuldades para obter ração animal e transportar animais para o abate podem interferir na cadeia produtiva de carne.
“Como agricultor, o impacto será de médio prazo. O principal impacto é de curto prazo nas cadeias agropecuárias do leite, frango, peixe e suíno. Nessas cadeias o impacto é imediato no interrompimento das rações ou dos animais prontos para abate até os frigoríficos”, explicou o produtor, também engenheiro agrônomo.
“No médio prazo – havendo uma quebra dessas cadeias de produção, a produção de grão acaba sendo comprometida também, em questão de preço. O consumo é reduzido e fica refém apenas da exportação de grãos in natura ou semi processados”, ele completou.
Outro entrevistado da mesma região afirmou: “Não creio que vá acabar o abastecimento, acredito mais na falta de ofertas dos produtos e a consequência é a alta dos preços: inflação.”
Uma agricultora no sudeste do Paraná relatou escassez de alguns produtos, incluindo farelo de trigo, utilizado na alimentação animal.
No Mato Grosso, produtores de soja revelam preocupações pelo transtorno em escoar sua produção. A carência de armazéns na região de Araguaia e problemas ligados a logística podem causar redução na produtividade e afetar o plantio da próxima safra. Como o plantio e a colheita ocorrem de forma cíclica, atrasos em um ponto da cadeia podem levar a transtornos de longo prazo.
Por temer consequências econômicas, políticas ou judiciais, as fontes ouvidas pediram que suas identidades não fossem reveladas. Supostamente, esse também é o motivo das companhias não realizarem anúncios públicos sobre paralisar ou reduzir seu funcionamento.
Causas e efeitos da instabilidade
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Alexandre de Moraes, emitiu decisões que trouxeram controvérsia à comunidade de produtores agrícolas do Brasil. O bloqueio de contas bancárias do dia 12 de novembro pode ser um dos motivos de queixas. Além dele, é citado que no dia anterior ao bloqueio, o ministro determinou a aplicação de uma multa de R$100.000 por hora aos donos de veículos que permanecem bloqueando as vias públicas. É outra medida que impactaria membros do agronegócio.
Renato Pernambucano contribuiu para esta matéria.
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