O governo federal anunciou, na sexta-feira (19), a suspensão temporária das exportações de carne de aves para 44 países, devido à identificação do vírus que ocasiona a doença de Newcastle. Ele foi detectado num aviário localizado em Anta Gorda, no Vale do Taquari, Rio Grande do Sul. A medida, confirmada pelo Ministério da Agricultura e Pecuária do Brasil (Mapa), pretende garantir transparência e segurança sanitária do produto brasileiro frente aos parceiros comerciais internacionais.
Causada pelo vírus paramixovírus aviário sorotipo 1 (APMV-1), a doença de Newcastle afeta aves domésticas e silvestres. Os sintomas nesses animais são problemas respiratórios, manifestações nervosas, diarreia e edema da cabeça.
A identificação do vírus ocorreu em meio a condições climáticas adversas, como a severa queda de granizo que danificou o aviário em questão, resultando na morte de cerca de 7 mil aves.
Em humanos, a doença pode causar no máximo conjuntivite, com duração de aproximadamente uma semana, segundo especialistas. A transmissão não ocorre pelo consumo; apenas pelo contato.
O presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, afirmou que as aves afetadas foram prontamente eliminadas, para evitar a propagação do vírus. É fundamental agir rapidamente para controlar o foco e minimizar o impacto econômico tanto para o Brasil quanto para o estado do Rio Grande do Sul, de acordo com Santin.
Impacto nas exportações e economia local
O Rio Grande do Sul é o terceiro maior estado exportador de carne de frango do Brasil. Foram 354 mil toneladas exportadas e uma receita de 630 milhões de dólares só no primeiro semestre de 2024. As exportações gaúchas representam 13,82% do total nacional, o que destaca a relevância econômica do setor avícola na região.
A suspensão temporária das exportações pode impactar o mercado, embora o presidente da ABPA enfatize que o prejuízo financeiro deve ser mitigado. Segundo Santin, diferentes cenários são projetados, mas a interrupção prevista representa menos de 5% da produção mensal do país.
Medidas de contenção e protocolos sanitários
Para conter a disseminação da doença, barreiras sanitárias foram implementadas em áreas produtoras de frango no Vale do Taquari. Equipes de fiscalização inspecionam 800 granjas na região, com protocolo que aplica eliminação das aves afetadas, limpeza e desinfecção dos locais.
Além disso, o Mapa conduz investigação epidemiológica num raio de 10 km ao redor do foco inicial da doença, com objetivo de prevenir novos surtos e garantir segurança alimentar para mercado interno e exportações.
Lista de países afetados
A suspensão das exportações brasileiras de carne de aves varia conforme os acordos comerciais bilaterais:
– Suspensão para todo o Brasil: inclui China, Argentina, Peru e México. Afeta carne fresca, ovos, produtos derivados e alimentação animal.
– Suspensão para o Rio Grande do Sul: abrange África do Sul, Albânia, Arábia Saudita, Bolívia, Cazaquistão, Chile, Cuba, Egito, Filipinas, Geórgia, Hong Kong, Índia, Jordânia, Kosovo, Macedônia, Mianmar, Montenegro, Paraguai, Polinésia Francesa, Reino Unido, República Dominicana, Sri Lanka, Tailândia, Taiwan, Ucrânia, União Europeia, União Econômica Euroasiática, Uruguai, Vanuatu e Vietnã. As restrições são similares às do Brasil.
– Suspensão para o raio de 50 km do foco identificado: Canadá, Coreia do Sul, Israel, Japão, Marrocos, Maurício, Namíbia, Paquistão, Tadjiquistão e Timor Leste. Considera carnes e derivados de aves e peixes. Neste último caso, não entram nas restrições os Certificados Sanitários Internacionais (CSI) emitidos até 8 de julho.
A expectativa é que as restrições sejam revisadas diariamente em cooperação com os países importadores. A intenção é normalizar as exportações brasileiras de carne de aves assim que a situação sanitária estiver controlada.