Em meio ao uso generalizado de herbicidas na agricultura para controle de plantas daninhas, surgem preocupações sobre a precisão dos rótulos de segurança. O glifosato, favorecido por sua alta eficácia, tem enfrentado escrutínio há alguns anos sobre os riscos potenciais à saúde e ao meio ambiente. No centro desse debate está a avaliação feita pela Agência de Proteção Ambiental (EPA) americana.
A EPA estabeleceu uma diretriz adequada? Existem diretrizes enganosas sobre este herbicida? Detalhe, ele vem sendo pulverizado em solo americano a uma taxa de 130 mil toneladas, (287 milhões de libras) por ano. No Brasil, esse valor gira em torno de 246 mil toneladas por ano.
Resistência de culturas e maior uso de herbicidas
A popularidade do glifosato cresceu após sua introdução na década de 1970 devido à sua eficácia contra um amplo espectro de plantas daninhas. O mecanismo de ação do produto químico envolve a inibição da produção de aminoácidos aromáticos, que são proteínas essenciais para vários organismos, incluindo plantas, bactérias, animais e humanos. O glifosato pode interromper a produção dessas proteínas nas plantas apenas por meio de um mecanismo único não encontrado em humanos, e é por isso que a maioria dos cientistas o considera seguro.
Uma consequência não intencional da eficácia do glifosato nas fazendas foi seu impacto prejudicial nas plantações. Os cientistas desenvolveram culturas geneticamente modificadas (OGM) resistentes ao glifosato para resolver esse problema. Embora a tecnologia OGM tenha o potencial de aumentar o rendimento das culturas, reduzir a perda de alimentos e fornecer resistência a patógenos, a ampla adoção dessas culturas resultou em um aumento significativo no uso de pesticidas e herbicidas.
Inicialmente, acreditava-se que os humanos não possuíam a via biológica afetada pelo glifosato, minimizando as preocupações. No entanto, estudos subsequentes levantaram inúmeras preocupações com a saúde.
Depois de revisar anos de pesquisas publicadas e estudos revisados por pares, a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC), agência de pesquisa sobre câncer da Organização Mundial da Saúde (OMS), classificou o glifosato como “provavelmente cancerígeno para humanos” (pdf) em 2015. Em 2017, a Califórnia adicionou o glifosato à sua lista da Proposta 65 de produtos químicos conhecidos por causar câncer.
Diretrizes enganosas da EPA
Com a tarefa de rastrear herbicidas como o glifosato para garantir a segurança dos seres humanos e do meio ambiente, a EPA afirma que o glifosato não é perigoso para os seres humanos no padrão atual. A grande diferença na classificação da EPA e da IARC levanta questões sobre os métodos empregados por essas organizações.
Diferenças nos Métodos de Avaliação
A disparidade entre as conclusões da EPA e da IARC reside em seus métodos de avaliação. A EPA avaliou principalmente o glifosato em sua forma química pura, enquanto a IARC considerou sua aplicação convencional, normalmente na forma de herbicidas à base de glifosato (GBH). Produtos comumente usados como Roundup, Rodeo Aquatic Herbicide e Eraser se enquadram nessa categoria. A diferença entre o composto de laboratório e o coquetel químico usado no campo pode variar significativamente, afetando a toxicidade.
Além disso, a EPA baseou-se fortemente em estudos regulatórios não publicados encomendados por registrantes de glifosato, enquanto a IARC usou principalmente estudos revisados por pares. Notavelmente, 99% dos estudos usados pela EPA foram conduzidos a portas fechadas e concluíram que o glifosato não possuía propriedades genotóxicas. Em contraste, o IARC considerou 118 estudos, dos quais 70 por cento (83 estudos) apoiaram a genotoxicidade do glifosato. Essas diferentes abordagens contribuem para as distintas conclusões alcançadas pelas duas agências.
A análise dos processos de avaliação mostra como a EPA e a IARC chegaram a conclusões drasticamente diferentes. Embora ambas as agências possam se considerar corretas, é crucial determinar qual abordagem prioriza os interesses das pessoas versus os da indústria.
As opiniões expressas neste artigo são as opiniões do autor e não refletem necessariamente as opiniões do Epoch Times.
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