CNA alerta para falta de financiamento e “obrigações desproporcionais” na COP29

Entidade afirma que sem apoio financeiro o Brasil terá dificuldades em expandir práticas sustentáveis e cumprir metas do Acordo de Paris.

Por Matheus de Andrade
10/10/2024 10:04 Atualizado: 10/10/2024 10:04

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) alertou que o financiamento climático é crucial para o Brasil ampliar práticas sustentáveis no agro e cumprir as metas do Acordo de Paris. A confederação ainda criticou a falta de clareza sobre os novos compromissos da COP29.

A entidade destacou que o agro brasileiro já adota práticas sustentáveis, como o Código Florestal e o Plano ABC++, que “formam a base de uma política climática ambiciosa, que merece ser reconhecida e valorada”, mas sem apoio financeiro dos países desenvolvidos, será difícil ampliá-las.

A confederação ressaltou que a meta de US$ 100 bilhões anuais em financiamento, acordada em 2020, ainda não foi atingida. Esse valor é crucial para que o Brasil e outros países possam implementar tecnologias mais eficientes.

A falta de clareza sobre novos compromissos financeiros gerou questionamento da parte da CNA. Embora se espere que a COP29 defina uma nova meta de financiamento para o período pós-2025, a entidade alerta que, sem o cumprimento dos compromissos anteriores, as novas metas podem perder credibilidade.

Declarações políticas

A CNA também criticou a proliferação de assinaturas de declarações. Para a confederação, essas medidas desviam o foco das negociações principais e criam novas obrigações sem conexão com os compromissos já estabelecidos no Acordo de Paris.

A confederação defende cautela com novas declarações, garantindo a implementação dos compromissos anteriores antes de novos acordos fora das negociações em andamento. A entidade alertou que esses compromissos podem impor “obrigações desproporcionais” ao agronegócio brasileiro. 

Solução para os desafios globais

A entidade também expressou preocupação com o debate sobre a transição dos sistemas alimentares, destacando que deve abranger toda a cadeia produtiva, não apenas o setor primário. A entidade teme que o foco excessivo na produção agrícola também resulte em cobranças desproporcionais, ignorando outros segmentos.

A CNA reafirmou que o setor agropecuário é parte da solução para os desafios globais, sendo fundamental para a segurança alimentar e na recuperação de áreas degradadas e conservação da vegetação nativa.

A confederação afirmou que a COP29 é uma oportunidade para o Brasil se consolidar como líder em práticas agropecuárias sustentáveis, mas o sucesso depende do suporte financeiro necessário.