Um relatório conjunto do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) e da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) publicado na quarta-feira (31) mostrou que a cadeia produtiva da soja e biodiesel apresenta uma projeção de queda de 5,33% no Produto Interno Bruto (PIB) do setor.
No entanto, a agroindústria desponta como um ponto positivo, com expectativa de crescimento de 2,95%, impulsionada especialmente pelo aumento na produção de biodiesel.
O dado aponta para uma retração significativa após o crescimento de mais de 21% registrado em 2023.
A principal causa identificada para a queda é a quebra da safra de soja, com uma estimativa de redução de 13,07% no PIB desse segmento. A frustração da safra foi atribuída a condições climáticas desfavoráveis, incluindo baixos índices de chuvas e altas temperaturas em regiões produtoras como Centro-Oeste, Sudeste e Matopiba.
A produção da oleaginosa está estimada em 147,3 milhões de toneladas, uma queda de 4,7% em comparação com o ciclo anterior, segundo a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
Impacto nos agrosserviços e agroindústria
A quebra da safra de soja tem impacto direto nos agrosserviços, setor que inclui atividades como transporte, armazenagem e comércio de produtos agrícolas. O PIB dos agrosserviços está projetado para cair 4,28% em 2024, refletindo a menor demanda devido à redução na produção de soja.
Apesar desse cenário adverso, o PIB da agroindústria deve apresentar um crescimento de 2,95%, com destaque para o segmento de biodiesel, que deve crescer 36,47%.
A resolução adotada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) que aumentou a mistura obrigatória de biodiesel no diesel fóssil para 14% (B14) a partir de março de 2024, impulsionou a demanda por biodiesel, beneficiando toda a cadeia produtiva relacionada.
Mercado de trabalho em retrocesso
A retração na cadeia produtiva também afeta o mercado de trabalho. No início de 2024, houve uma redução de 4,65% na população ocupada, totalizando 2,28 milhões de pessoas. O setor de soja foi o mais afetado, com uma queda de 11,28% nos empregos, refletindo a frustração da safra.
Em contrapartida, a agroindústria, especialmente nos segmentos de esmagamento e refino, apresentou um aumento significativo de 24,82% no número de trabalhadores.
Os dados mostram uma tendência de aumento na qualificação da mão de obra, com crescimento na participação de pessoas com nível superior na cadeia produtiva. Isso se alinha com uma demanda crescente por profissionais mais qualificados em setores como insumos e agroindústria.