Rebanho maior no Brasil impulsionou oferta de carne em 2023, diz relatório

Relatório indica crescimento no número de bovinos confinados, totalizando 7,2 milhões de cabeças, e aponta para preços mais estáveis e margens de lucro variáveis entre os estados.

Por Matheus de Andrade
06/08/2024 11:30 Atualizado: 06/08/2024 13:24

De acordo com um relatório da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA/Senar) e do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o número de bovinos confinados no Brasil aumentou 3,5% de 2022 para 2023, totalizando aproximadamente 7,2 milhões de cabeças. 

O aumento da oferta de animais, incluindo o crescimento no confinamento, tem pressionado os preços pagos pelo boi gordo. Dados do Projeto Campo Futuro indicam que a margem líquida da atividade foi negativa em boa parte de 2024, especificamente entre os meses de fevereiro e junho. Contudo, estados como Rio Grande do Sul, Minas Gerais e São Paulo têm projeções de margens brutas mais favoráveis, respectivamente de 18,2%, 14,2% e 12,8% da receita bruta.

A arroba do boi magro chegou a R$ 235,03 na parcial de julho até o dia 18 de julho, registrando quedas de 1,7% frente a junho deste ano e de 7,9% em comparação a julho de 2023. Entre os estados, os preços mais altos em julho foram registrados no Mato Grosso do Sul (R$ 247,03) e no Tocantins (R$ 247,13), enquanto os mais baixos foram observados em Rondônia (R$ 203,60) e no Rio Grande do Sul (R$ 213,27).

Fatores positivos

  • Redução nos preços de insumos: O recuo nos preços do boi magro contribui para uma expectativa de rentabilidade mais alta.
  • Demanda internacional: A demanda internacional, especialmente da China, tem historicamente impulsionado o crescimento do confinamento. A quantidade de animais confinados aumentou significativamente de 2018 para 2019, com crescimento de 55,3% no período, movimento associado à intensificação da demanda da China.

Fatores de risco

  • Flutuação de preços: A volatilidade nos preços dos insumos, como milho e boi magro, continua sendo um desafio significativo. A intensidade desse recuo nos últimos meses ocorreu de forma parcial nas praças acompanhadas, levando a comportamentos distintos a depender do estado avaliado.
  • Custos de Confinamento: Estados como Paraná, Pará e Mato Grosso do Sul enfrentam altos custos de reposição e de diárias de confinamento, o que pode limitar as margens de lucro

 Nestes estados, ao mesmo tempo em que se observou uma elevação nos preços de reposição em relação ao observado para o abate de animais em junho – ou manutenção, no caso do MS –, também foram detectados aumentos expressivos nos custos médios de diária de confinamento, atingindo até 10,36% para o MS, contra 3,2% e 6,0% para PR e PA, o que pode causar uma diminuição da oferta e aumento de preços e também em prejuízos para produtores.