Nos últimos dias, o Brasil tem observado com apreensão os desdobramentos das severas enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul. Dados publicados pelo Itaú BBA, no dia 20, mostram que as catástrofes naturais provocaram impactos econômicos significativos, afetando diretamente a projeção da inflação e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Segundo o Relatório de Mercado Focus, de 17 de maio de 2024, as expectativas para a inflação medida pelo IPCA aumentaram de 3,73% para 3,80% nas últimas quatro semanas. Esse aumento reflete também o entendimento do relatório do Itaú BBA que reflete as pressões inflacionárias decorrentes das perdas na produção agropecuária, especialmente em produtos como arroz e soja, nos quais o estado é um dos principais produtores nacionais.
As enchentes causaram a destruição de plantações e a morte de animais, reduzindo a oferta de alimentos e aumentando os custos de produção. Como consequência, os preços desses produtos subiram significativamente, contribuindo para o aumento geral da inflação. A projeção de inflação para 2024 foi revisada incorporando esses aumentos nos preços dos alimentos e de bens industriais.
A situação é agravada pela necessidade de gastos extraordinários do governo para lidar com os danos causados pelas enchentes. Estima-se que o impacto fiscal dessas medidas será significativo, aumentando ainda mais a pressão sobre os preços e a inflação.
A previsão para a variação desses preços manteve-se elevada, refletindo as pressões inflacionárias gerais já que o RS tem participação em diversas culturas:
Produção – Participação do RS
- Canola – 99%
- Aveia – 73%
- Arroz – 71%
- Trigo – 45%
- Centeio – 40%
- Cevada – 24%
- Milho (1.ª safra) – 22%
- Soja – 15%
- Suínos – 12,5%
- Frango – 9%
- Bovinos – 5%
Os impactos econômicos das enchentes não se limitam à inflação. A atividade econômica do Rio Grande do Sul foi severamente afetada, com estimativas indicando uma redução de até 0,3 pontos percentuais no crescimento do PIB para 2024. A destruição de infraestrutura e a interrupção de atividades produtivas em diversas regiões do estado contribuem para esse cenário de retração econômica. Ao todo, até o dia 14 de maio, quase 95% das atividades econômicas no RS foram afetadas.
Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria, e Carlos Lopes, do Banco BV, tem uma visão mais pessimista que a dos órgãos oficiais do Estado, projetando que o índice de preços e a inflação atinja uma alta de 4%. “O viés de baixa foi retirado” disse Lopes.