Após quatro anos seguidos de crescimento, o faturamento das exportações do agronegócio brasileiro entre janeiro e setembro de 2024 somou cerca de US$ 126 bilhões, registrando uma leve queda de 1% em relação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados gerados pelo Índice de Preço de Exportação do Agronegócio (IPE-Agro/Cepea).
A diferença observada sugere que o setor poderá fechar o ano em recuo, especialmente devido à redução na produção de produtos-chave como soja e milho. Esses produtos foram impactados por uma menor colheita e pela queda dos preços no mercado internacional.
Esse índice mede os preços dos produtos do setor em dólares e reflete as oscilações nos preços praticados no mercado internacional. De acordo com o levantamento, o recuo foi influenciado pela maior competição entre produtores e pela menor demanda por produtos brasileiros.
Apesar da recente recuperação dos preços em setembro, a queda nos meses anteriores resultou em um saldo acumulado negativo. A menor demanda da China, que é o maior parceiro comercial do Brasil, também contribuiu para esse cenário. A participação da China no valor total das exportações caiu 2 pontos percentuais, representando agora 34,6% do total.
O Índice de Volume de Exportação (IVE-Agro/Cepea), que avalia o total de produtos exportados, apresentou um crescimento de apenas 0,3% no período. Embora houve aumento nas exportações de produtos como algodão (+134%), café (+42%) e carne bovina (+28%), a queda nas exportações de milho (-28%) e óleo de soja (-48%) limitou o crescimento do volume geral.
A desvalorização do real frente ao dólar, que chegou a 4,3% neste ano, favoreceu o aumento do faturamento em moeda local, com uma alta de 3,5% em reais. Essa depreciação ajudou a tornar os produtos brasileiros mais competitivos no mercado internacional, compensando em parte a queda dos preços em dólares.
Ainda assim, o setor agroexportador enfrenta um futuro incerto. O desempenho dependerá da próxima safra e da oferta internacional, especialmente dos Estados Unidos e da Argentina. Caso os preços internacionais continuem se recuperando e as exportações aumentem nos próximos meses, o agronegócio brasileiro poderá encerrar 2024 com resultados melhores do que o esperado.