Milhares de agricultores de toda a Espanha, convocados por meio de redes sociais e grupos do Whatsapp, estão bloqueando estradas em muitas províncias e nos principais acessos às cidades para exigir melhorias no campo e protestar contra as políticas agrícolas da União Europeia (UE).
O protesto desta terça-feira ocorre à margem das principais organizações agrícolas espanholas, que já estão planejadas para os próximos dias, e é o prelúdio da grande manifestação com tratores anunciada para 21 de fevereiro em frente ao Ministério da Agricultura da Espanha, no centro de Madri.
Os agricultores, que contam com o apoio da chamada Plataforma em Defesa do setor de transportes – que anunciou uma greve por tempo indeterminado a partir de sábado – também receberam o apoio de algumas cooperativas que fecharam nesta terça-feira em solidariedade ao seu protesto.
Em La Rioja (norte), uma região onde a agricultura tem grande peso, o protesto ocorreu sem ter sido comunicado às autoridades, portanto não tem autorização para interromper o trânsito, como é o caso de Zaragoza (nordeste), onde os tratores bloquearam o acesso ao mercado atacadista da cidade no início da manhã.
Também na Catalunha (nordeste), Valência (leste), Andaluzia (sul), Múrcia (sudeste) e Navarra (norte), os tratores bloquearam o acesso às principais cidades, como Valência e o porto de Málaga (sul).
O Ministério do Interior assegurou nesta terça-feira que estabelecerá as medidas de segurança necessárias para garantir o direito de manifestação dos agricultores sem que o exercício desses protestos nas estradas altere a convivência entre os cidadãos.
Os agricultores exigem uma redução nas exigências da Política Agrícola Comum (PAC), o cumprimento da lei sobre a cadeia alimentar – que elimina a chamada “venda com prejuízo” dos agricultores, a manutenção da redução de impostos sobre o diesel agrícola e ajuda para a seca que a Espanha está sofrendo.
As mobilizações agrícolas na Espanha se somam às que estão ocorrendo em outros países europeus atualmente, especialmente em França, Portugal e Itália.
O Ministério da Agricultura da Espanha insistiu nesta terça-feira na ajuda que está sendo dada para apoiar o setor, que foi estimada em cerca de 4 bilhões de euros para os agricultores e pecuaristas nos últimos dois anos, dos quais 1,38 bilhões de euros foram ajudas diretas extraordinárias.
Entre os motivos dos protestos está o sufocamento do campo devido às medidas ambientais impostas por Bruxelas.
Mais cedo nesta terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, anunciou que retirará a proposta de uma nova lei sobre o uso sustentável de pesticidas, que foi reprovada em sua forma atual no Parlamento e no Conselho, e prometeu envolver mais o setor agrícola no próximo projeto.