Árvores são derrubadas, animais são mortos, espalha-se o medo e a insegurança no meio rural da Bahia. Fazendas em plena produção de alimentos são invadidas e destruídas, contrariando a justiça e a própria Constituição, o MST segue em mais um dia do seu “Abril Vermelho”.
O Sr. Edson Telles é apenas mais um entre dezenas de proprietários de terras da Bahia que foram vítimas da enxurrada de invasões do MST, o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, em território baiano. Esse problema no estado não é exclusividade deste ano, as invasões têm sido frequentes e muito além do “Abril Vermelho”.
A editora de agronegócio do Epoch Times Brasil, Danielle Dutra, conversou com exclusividade com o Sr. Edson Telles, durante um evento que reuniu cerca de 2000 produtores rurais da Bahia em 25 de Abril, na Assembleia Legislativa, em um ato contra as invasões do MST.
O Sr. Telles é um pecuarista que teve sua propriedade invadida e ocupada por 7 meses. Confira a entrevista na íntegra.
Danielle Dutra: Boa tarde Sr. Edson. Obrigada por conversar conosco. Como foi que ocorreu essa invasão?
Edson Telles: Boa tarde. Nós tínhamos uma propriedade da família na cidade de Feira de Santana, onde ela foi invadida por um movimento semelhante ao Sem Terra, o MST, e que era uma fazenda de meu avô, uma fazenda de herança que era produtiva. Nós criávamos [gado], fazíamos pecuária lá e fomos ameaçados várias vezes. E chegou o dia que recebemos a notícia de que invadiram.
E fomos lá, tentamos conversar com o pessoal, dissemos que a fazenda é produtiva. Disseram que a fazenda tinha um determinado tamanho, mas não tinha nada a ver com aquilo, disseram que a fazenda estava penhorada no banco, mas também não tinha nenhum fundamento. Tentamos tirar de maneiras pacíficas. Não conseguimos. Aí partimos para a Justiça brasileira, onde o processo correu, demorou mais de sete meses.
D.D.: Como foi esse processo na justiça e como aconteceu a reintegração de posse?
E.T.: O tempo que eles ficaram na nossa casa lá foram sete meses. E assim, nós tínhamos uma reserva legal que toda fazenda é obrigada a ter. Eles derrubaram, tiraram toda uma mata que a gente tinha, que preservava. Meu avô preservava há muito tempo. Eles derrubaram toda. E como é que funciona? A Justiça expediu mandado de reintegração de posse. A polícia recebe esse mandato e manda o batalhão para poder desocupar.
Só que todo esse custo de alimentação da polícia, de combustível da polícia, de saída dos invasores de caminhão para tirar mudança dos invasores. Tudo quem paga é a pessoa que foi invadida. Salvo me engano, esse custo para a gente chegou a 60.000 reais, sim 60.000 mil reais. Bancamos todo o custo. Aí, a polícia foi lá e tirou todos. Nós desmanchamos os casebres, se queimou tudo.
E aí, pronto, aí nunca mais invadiram. Mas vira e mexe vem a ameaça, agora vamos invadir de novo, vamos invadir de novo. E a fazenda, a propriedade é numa área aberta na área, a BR 116, já bem próxima à Feira de Santana. Então, hoje ela tem um valor agregado imobiliário muito alto.
D.D: Quantas pessoas invadiram? Quem eram essas pessoas?
E.T: No começo, quando invadiram, tinha 30 pessoas. Depois de 7 meses eram 250 pessoas vendendo os lotes. E quem invadiu a fazenda quando a juíza do processo pegou aqui, começou a fazer um levantamento das pessoas que estavam lá dentro. Tinham traficantes, tinham pessoas que estavam fugindo da Justiça, prisão preventiva decretada, fugido de delegacia e estelionatário, até um homicida tinha lá.
E o modus operandi deles é o seguinte, no dia que foi ter a reintegração de posse, eles se escondem e colocam na frente as mulheres e as crianças. Mas mesmo assim a polícia entrou e tirou todo mundo. E um fato interessante que aconteceu no final da reintegração de posse, quando a polícia foi embora, que já tinham tirado todo mundo e tal, chegou uma das pessoas que estavam lá dentro, numa moto, na garupa. Desceu, tinha um monte de pedra do lado onde o meu irmão estava, ele tirou as pedras, pegou uma arma, botou na cintura e foi embora.
Então, é com isso que lidamos. Nós não somos bandidos, nós somos produtores rurais. Nós somos produtores de comida. O Brasil hoje, a cada dez pessoas do mundo, três o Brasil alimenta.
Então nós não estamos aqui, nós não somos contra a reforma agrária, pelo contrário. Só que nós queremos que a lei seja respeitada. Nós somos contra a invasão de terra que está na lei, está na nossa Constituição Federal. Invasão é crime. Se é crime e não pode ter a condescendência do Estado, não pode o Estado, o Estado da Bahia, o governo federal não pode ser leniente com esse pessoal que está trazendo prejuízo para o PIB brasileiro, que hoje uma das das máquinas do Brasil é o agronegócio e esses grupos estão gerando muita insegurança no campo, isso pode chegar a um determinado ponto que pode gerar um conflito muito grande e pode haver perdas de vidas de ambos os lados.
Então, por isso que está aqui nessa reunião, nessa reunião hoje, porque existe uma formação da CPI do MST aqui nesta casa, existe também a formação da CPI lá em Brasília, na Câmara Federal, e é o apoio do Agro e a cobrança do agro pela segurança no campo. Nós só queremos ter segurança para que nossa casa e as leis sejam cumpridas e nossas casas sejam respeitadas.
D.D.: O que o MST realmente quer? Qual o interesse por trás dessas invasões?
E.T.: E o que o MST hoje quer? Ele não está interessado em assentar ninguém. Ele quer invadir, grilar, vender os lotes e faturar em cima disso. Ele não está preocupado se a terra invadida vai para uma família que não tem terra.
Primeiro que as pessoas que estão invadindo as terras, eles não são famílias que são ligadas à terra, ao agro, ao pequeno produtor rural, não. Eles chegam na cidade e vão… Como é que se chama? Chamando pessoas que não têm nada a ver. Então, às vezes são bandidos. Às vezes são pessoas que não têm nada a ver com aquela região. São pessoas de outras cidades e tem os comandantes, que são vários de núcleo, que vão lá, que tocam o terror, ameaçam famílias, ameaçam o funcionário de dentro da fazenda, mata animais da fazenda, destrói patrimônio, patrimônio privado.
Então isso o MST é que, infelizmente, infelizmente a mídia nacional, a nossa mídia brasileira tenta esconder isso e demonizar o produtor rural, porque é o que acontece.
Em Jaguaquara, quando invadiram as terras, tentaram tirar o pessoal. Na mesma hora já saiu uma notícia que os fazendeiros eram milícias armadas ameaçando famílias de pequenos produtores rurais.
Não existe nada disso! Primeiro que ninguém pode andar armado. Segundo que quem estava armado eram eles. Até a própria polícia lá viu. Eles ameaçaram o dono da fazenda. O dono da fazenda desistiu e disse: “ Não, eu vou para as [vias] legais. Vou tentar reintegração de posse”.
Mas aí pode acontecer a mesma coisa que aconteceu comigo. Vai demorar seis, sete meses, demora um ano ou, como um pedaço de terra que eu tenho lá, minha família tem outra propriedade que está a 30 anos invadida.
D.D.: A família do senhor tem outra propriedade que ainda está invadida? O que se produz nessas duas fazendas que foram invadidas?
E.T.: Sim, fica lá em São João do Sul, lá no extremo sul da Bahia tem 30 anos de invadido. Com a reintegração de posse expedida, com tudo, a gente não consegue fazer reintegração de posse! E essa nossa fazenda que está invadida até hoje, um pedaço dela lá embaixo, no extremo sul, era uma fazenda que a gente tinha, onde tinha a criação de fêmeas, onde a gente levava os machos para lá para poder reproduzir com as fêmeas.
E a outra fazenda de Feira de Santana a gente produzia animais de genética, animais que são são preparados para vender para outros produtores, para melhorar os rebanhos e ter uma melhor qualidade. Precocidade na produção de carne.
E aí essa produção, a gente trazia para comercializar, que era um negócio de família, a produção de animal, de genética. E assim, a propriedade de Feira de Santana, quando foi invadida, a gente tinha um gado lá dentro. A gente teve que retirar às pressas porque podia acontecer alguma coisa. Tinha pouco, tinha 200 e poucos cabeças, mas mesmo assim é custo.
É um custo muito alto, um custo alto. Então, é assim que acontece, quando esse pessoal entra, primeiro eles começam a ameaçar os funcionários, meu irmão teve que ir lá e ameaçaram o meu irmão.
Depois que teve a reintegração de posse, o meu irmão ficou um ano indo para a fazenda com um funcionário e um segurança. Ligava: “Abre a cancela que estou chegando”. O meu irmão entrava correndo e saía correndo e meu irmão foi ameaçado de morte. Isso foi durante um ano, quase dois anos
D.D: Chegaram a matar os animais? O que vocês fizeram depois?
E.T.: Animais meus. Eles não mataram porque a gente tirou logo. Mas essa fazenda de Feira de Santana que nós tínhamos uma reserva legal, eles derrubaram tudo, tudo, entendeu? Foi um crime, um crime ambiental e ninguém é punido.
Hoje o que aconteceu, a gente pegou a fazenda, pegou uma empresa, fez um investimento lá num empreendimento imobiliário e hoje eu não tenho mais o risco de ser invadida.
Mas nós temos outra propriedade ao Sul, onde a gente produz e produz carne, pecuária de carne. E temos uma outra propriedade. A gente planta milho, planta feijão, planta essas coisas e é por isso que a gente está com o pessoal porque está com medo. Todo mundo está com medo, já que hoje não tem segurança no campo!
Outra coisa. Se fosse só invadir e ficar naquele cantinho lá, não é que seria aceitável porque é crime do mesmo jeito, eles “esbagassam” tudo, quebram tudo, tacam fogo em casa. Se você tiver uma casa com móveis, com recordações de família, eles tocam fogo em tudo. Eles fazem isso.
D.D.: O que o Sr. espera que aconteça por parte do Estado?
E.T.: Eu espero que os nossos políticos abram os olhos para um problema gigantesco que pode ser criado no campo, porque tem muita autoridade que está fechando os olhos e dando as costas para isso, fazendo pouco caso e assim ninguém quer o confronto.
Todo confronto é ruim para todo mundo, mas eu também não quero ser invadido. Eu não quero, eu quero minha propriedade porque eu suei para comprar, eu suei para manter.
A gente quer que as autoridades tomem uma atitude, tomem uma atitude pois é obrigação deles. A gente só quer isso. A gente quer que a lei seja cumprida, só, mais nada!
Invasão zero é Constituição. Invasão é crime, está na nossa Constituição. A gente quer isso. O cumprimento da lei só, mais nada.
Entre para nosso canal do Telegram
Assista também: